À procura dos alunos perdidos
- pedrorodrigues
- há 11 minutos
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Não, não se trata de nenhum filme a estrear na Páscoa. Ainda que o cenário que vamos falar continue a ser digno de um roteiro de um drama.
No ensino superior, no ano passado, não se encontravam no sistema 446 alunos com necessidades educativas específicas que, no ano anterior, tinham estado matriculados. E no ano anterior a esse foram 385 os alunos com estas mesmas características que deixaram de estar inscritos.
O inquérito anual da DGEEC mostra que no ano lectivo de 2023/24 inscreveram-se 5309 alunos com necessidades educativas específicas. Número este que mais do que duplicou face a 2019/20 (2311 alunos). Estes valores só nos podem deixar contentes, pois parece demonstrar que existem mais alunos com estas características que desejam continuar o seu percurso formativo no ensino superior. Para além de mostrarem algo que várias pessoas infelizmente continuam a pensar - de que estes alunos devido às suas características não terão competências para aprender e ainda mais ao nível do ensino superior.
Mas apesar do encorajamento destes números, os próprios alunos com necessidades educativas específicas, assim como as suas famílias, sabem bem das dificuldades presentes na vida deles, agora no ensino superior. E apesar das Instituições do ensino superior referirem, cada vez mais, que estão aptas para receber estes alunos e criar condições, nomeadamente determinadas acomodações necessárias no processo de ensino-aprendizagem e de integração social. O certo é que vão continuando a ser conhecidas as queixas ao longo deste processo.
E não será por acaso que aqueles 446 alunos com necessidades educativas específicas deixaram de estar inscritos o ano lectivo passado. Isto, apesar de no respectivo inquérito não ser conhecido quais as razões do abandono. Além de outros aspectos que podem ser igualmente importantes, nomeadamente quais as condições de cada um destes alunos (i.e., deficiência física, intelectual, etc.). Até para se saber quais as necessidades necessárias de serem trabalhadas nas Instituições do ensino superior.
No que diz respeito ao acompanhamento de pessoas autistas, em que vários deles estão ou já estiveram no ensino superior. Não obstante um número significativo estar referenciado para a educação inclusiva, continua a ser muitas as dificuldades encontradas. Por exemplo, docentes que continuam a não querer implementar as medidas aprovadas pela Instituição do ensino superior. Dizendo que estes alunos são inteligentes e que não precisam destas medidas. Para além de várias outras dificuldades na relação interpessoal com alguns docentes e colegas.
São vários aqueles que dizem ser necessário mais sensibilização e formação para as necessidades educativas específicas. Por exemplo, são vários os docentes que referem não ter conhecimento necessário e específico, não só para como implementarem certas medidas, mas também para se relacionarem com algumas das características de alguns destes alunos. Os próprio colegas sem estas condições referem que gostariam de saber mais.
Se pudermos saber mais e melhor da realidade destes alunos e das suas experiências. Estaremos todos mais e melhor capacitados para implementar as mudanças necessárias. Assim como exigir aos responsáveis políticos as propostas legislativas e de criação de políticas que visem alterar esta realidade.

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