Yin e Yang são conceitos do Taoismo que expõem a dualidade de tudo o que existe no universo. Descrevem as duas forças fundamentais e complementares que se encontram em todas as coisas.
Mas Yin e Yang também podem ser perfeitamente o nome das duas mulheres que se encontram na foto.
E se há um grande desconhecimento em relação à cultura Oriental e a muitos dos seus pressupostos. Também é verdade que há igual desconhecimento em relação ao feminino no autismo. E já nem estou sequer a falar na diferença nos números de homens e mulheres diagnosticados com Perturbação do Espectro do Autismo. Sendo que cada vez mais há um consenso de que este se aproxima de uma diferença cada vez menor (i.e., 1,8:1).
É sabido que o autismo é uma condição hereditária, e com factores genéticos e biológicos fortemente implicados na etiologia desta condição. Sendo que é importante ressaltar que o autismo confere maior risco de uma série de sintomas físicos e condições clínicas concomitantes. Especificamente, condições, como a síndrome dos ovários poliquísticos, irregularidade do ciclo menstrual e acne, indicando disfunção do sistema de esteróides sexuais. E que as mulheres autistas apresentam uma carga maior de comorbilidades físicas e mentais crónicas, o que pode contribuir para este maior índice de mortalidade entre pessoas autistas e não autistas. E mais especificamente, é importante sublinhar o risco aumento para condições relacionadas com um desequilíbrio hormonal sexual e disfunção metabólica mais ampla em mulheres autistas (e.g., obesidade, epilepsia, doenças autoimunes).
Como tal é fundamental que para além das necessidades das pessoas autistas relacionadas com o diagnóstico e posterior acompanhamento médico e psicológico. É igualmente importante sensibilizar a comunidade médica das mais variadas especialidades. Principalmente aquelas em que determinado conjunto de situações clínicas parecem estar associadas ao autismo e principalmente na mulher. Para que estes especialistas possam estar mais capazes de poder receber e encaminhar estas mulheres autistas nos cuidados a ter, seja na realização dos exames necessários para uma prevenção adequada, mas também nas situações da própria intervenção na situação clínica.
As pessoas não são apenas o autismo, no sentido de que a sua pessoa e a sua vida, é composta de todo um conjunto variado de muitas coisas e acontecimentos de vida. Mas a vida das pessoas também é o autismo, no sentido desta sua neurologia coordenar a forma como a pessoa olha, sente e vive a sua pessoa, os Outros e a vida. Yin e Yang são estas duas forças fundamentais e complementares que se encontram em tudo na vida. E aqui neste exemplo também. O autismo é importante sim. Mas é igualmente importante perceber que há todo um conjunto de outras questões fundamentais na vida da mulher autista que importam igualmente e que é preciso falar. Seja com ela, mas também com todos os outros que vão contactar consigo no caminho.
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