Diz o Jorge Palma "Põe-me o braço no ombro. Eu preciso de alguém. Dou-me com toda a gente. Não me dou a ninguém...". A fragilidade humana é algo que nos aflige e ainda mais quando continuada ao longo do tempo. Quando essa fragilidade se apresenta através dos comportamentos de auto-mutilação/agressão tudo é sentido de maneira amplificada.
Quando precisamos de transportar algo frágil precisamos de reunir um conjunto e cuidados necessários. Não apenas uma embalagem resistente e que ofereça protecção ao que transportamos. Mas também precisamos de conhecer melhor aquilo que queremos fazer transportar. As suas características, necessidades, condições, etc. Quando o que estamos a a querer falar é de pessoas - aquilo que se quer transportar é de vital importância. E a embalagem, pensando aqui na própria pessoa, nem sempre está nas melhores condições. Nomeadamente, quando apresenta alguma condição como a Síndrome de X Frágil ou Autismo.
Uma percentagem significativa de rapazes e homens com Síndrome de X Frágil auto-agridem-se, mordendo as mãos ou através de outras formas. E são muitos aqueles que o continuam a fazer ao longo dos anos. Esta situação é no entanto menos frequente nas mulheres com a mesma condição.
A Síndrome de X Frágil é uma condição muito relacionada com o Autismo e pensa-se que seja em grande parte responsável pelas situações de deficit cognitivo. Para além disso também se sabe que os comportamentos de auto-mutilação/agressão no Autismo são frequentes.
No estudo destes comportamentos na Síndrome de X Frágil tem sido possível perceber que aqueles que apresentam mais frequentemente comportamentos repetitivos e estereotipados são os que demonstram igualmente maior incidência de comportamentos de auto-mutilação/agressão. Ao invés, aqueles que se debatem mais com o controlo de impulsos são os que têm maior propensão para comportamentos agressivos face a terceiros.
Estudar estas e outras questões importa para ajudar a compreender os possíveis mecanismos envolvidos mas também para sabermos que no caso do X Frágil o facto de observarmos maior frequência de comportamentos repetitivos e estereotipados leva-nos a suspeitar de comportamentos auto-agressivos. Esse facto quando detectado precocemente pode ajudar todos a prevenir a ocorrência de inúmeras situações.
No caso do Autismo, a maior hipersensibilidade auditiva e visual parece estar relacionada com a ocorrência destes mesmos comportamentos de auto-agressão, em parte também devido à dificuldade em processar toda aquela informação e em se auto-regular. Uma especial atenção que estas situações tendem a persistir ao longo do tempo e como tal devem ter um especial cuidado na intervenção.
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