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Venham mais cinco: Universidade aqui vou eu

Terminou a segunda fase de acesso ao Ensino Superior. É agora possível olhar para os números de entradas de alunos que concorreram pelo contingente especial. No ano lectivo passado (2018-2019) a legislação alterou e alargou esta medida para a segunda fase. Os resultados foram de um aumento de 30% de entrada destes alunos face ao ano anterior. este ano a avaliar pela minha experiência os resultados parecem ter melhorado e não é que foram!

Ao todo acompanho duas dezenas de jovens autistas que estão a frequentar o Ensino Superior. Este ano entraram mais cinco e a tendência parece confirmar uma ideia crescente de que nos próximos anos a Universidade terá um acesso ainda mais significativo de jovens com estas características e semelhantes (e.g., PHDA, etc.).


Seja porque a legislação está a mudar e a reflectir algumas das necessidades encontradas. O alargamento do contigente especial para a segunda fase do concurso de acesso é um exemplo disso. Mas também o esforço das próprias universidades em procurarem adaptar o próprio ensino a ser mais inclusivo e a inclusão de medidas promotoras de igualdade no processo de aprendizagem mostra o desejo de concretizar esta mudança.


A universidade é um espaço próprio para a convergência e o próprio crescimento de uma neurodiversidade, das pessoas, dos processos de aprendizagem, da construção de conhecimento e mais valias em respeito de todos.


Os números de acesso ao Ensino Superior deste ano para os candidatos através do contigente especial voltou a subir. Este ano são mais 310 alunos que viram a sua candidatura validada. Se há quatro anos entraram 120 através desta medida, a passagem para 310 constitui uma subida a assinalar. Este contingente especial para estudantes é definido de acordo com a legislação para candidatos com deficiências e com limitações físicas ou sensoriais. Apesar de alguns candidatos autistas não terem sido validados através da sua candidatura através deste contingente acabaram por a ver validada devido ao facto da sua média de acesso ter sido suficiente.


Há várias questões que continuam a ser necessárias de trabalhar com todos. Seja com os próprios jovens no sentido de os sensibilizar para a continuar deste seu percurso formativo. Alertando para as mais valias e dificuldades a encontrar neste espaço e prepara-los para o conjunto de desafios. Mas também com os pais, inclusive no ajustamento das suas próprias expectativas face a este novo patamar. E no trabalho de apoio que importa que continuem a realizar não obstante os seus filhos se encontram no Ensino Superior. As universidade precisam de continuar a ser ajudadas na melhor leitura das múltiplas necessidades destes alunos mas também nas suas imensas competências e a aprenderem a se ajustar e flexibilizar ferramentas pedagógicas de ensino e de avaliação. Os responsáveis políticos e o legislador necessita de ser informado acerca da necessidade de construir políticas ajustadas a esta nova realidade. Não é verdade que autistas jovens com outras características semelhantes do neurodesenvolvimento e neuropsiquiátricas não possa continuar o seu processo de formação no Ensino Superior. A este nível de construção de políticas é fundamental haver uma melhor comunicação entre o Ensino Secundário e Superior. Só no ano lectivo 2017/2018 estavam matriculados cerca de 15000 alunos com necessidades educativas especiais. Entraram nesse ano cerca de 300 alunos.


Precisamos de mudar o paradigma. Abandonar as necessidades educativas especiais, inclusivas ou seja lá o que for. Os alunos, todos eles, têm um conjunto variado de necessidades que necessitam de ser avaliadas. Desta forma poderemos desenhar um perfil de competências dos mesmos, ainda que possam estar ancoradas num quadro de Perturbação do Espectro do Autismo, PHDA, etc. Mas que este próprio perfil permita ajudar a que o próprio e a universidade consiga melhor responder. E se pensarmos na implementação de um Desenho Universal de Aprendizagem. Esta é uma abordagem à aprendizagem, que defende que o currículo educativo deve ser projectado de forma a promover oportunidades equitativas de aprendizagem. Assim, deve ser desenhado, desde o início, para responder às necessidades de todos os alunos. Assim seremos todos mais capazes de respeitar os direitos fundamentais e universais dos cidadãos.

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