Um ou dois beijos? Três beijos? Porquê beijos? Aperto de mão? Abraço? Acenar, sorrir, etc.! São tantas as maneiras quanto as culturas existentes. O cumprimento social traduz-se nesta forma civilizada de comunicação. Mas nem todos sentem o mesmo à vontade em dar e ou receber.
O cumprimento pode traduzir-se como um sinal de educação ou cortesia. Cada cultura tem enraizada formas diversas de cumprimentar. Os latinos cumprimentam-se baseados na aproximação física das pessoas. O beijo é a forma mais comum. Os anglo-saxónicos preferem os apertos de mão. Esta diferença de comportamento é atribuída à ética protestante, que restringiu as manifestações de afeições rotuladas de íntimas. Na América Latina, quando pessoas conhecidas se encontram, ocorre o uso de expressões orais, apertos de mãos, beijos faciais, ou simplesmente podem inclinar a cabeça, fazer um aceno de mão ou sorrir.
O cumprimento representa mais do que um simples gesto de cortesia, é um acto com o qual se procura atrair a simpatia, gerando um clima de amabilidade. Desempenha um papel importante nas relações sociais. Antigamente, as pessoas cumprimentavam somente às pessoas quem haviam sido apresentadas. Nos dias actuais, é usual cumprimentar-se pessoas conhecidas de vista, assim como aqueles com os quais mantemos contacto no quotidiano. Cumprimentamos os vizinhos, ao entrar ou sair do elevador, e àqueles que contactamos na rua e pedimos alguma informação.
Nos autistas a questão do cumprimento e mais especificamente do toque pode ser especialmente complexo. Aquilo que para muitos de nós é habitual - aperto de mão ou um encosto de ombros no metro pode ser sentido como algo bastante difícil. O simples contacto físico pode levar a que o Autista se sinta incapacitado de pensar em outra coisa qualquer. Como que aquele toque conseguisse "roubar" toda a atenção disponível da pessoa. Já para não falar da sensação de nojo que pode ser sentida num aperto de mão ou de um beijo no rosto.
Não quer dizer isto que os Autistas não gostem de cumprimentar e muito menos que não gostem de socializar. Por exemplo, autistas que possam ter uma maior dificuldade num toque mais suave podem sentir-se suficientemente à vontade num aperto de mão mais firme.
Mas nem todo o toque é igual. Tal como as diferentes maneiras de cumprimento social. Um aperto de mão mais firme é processado por vias neuronais diferentes de um toque afectivo com por exemplo uma festa no rosto. Por exemplo, o primeiro tipo de toque é processado pelas vias neuronais muito mais rápido que o segundo. O uso das técnicas neuroimagiológicas (Ressonância Magnética) têm demonstrado que autistas sujeitos ao toque de um aperto de mão podem não activar as áreas responsáveis pelo processamento desta informação. É como se fosse imunes a este contacto. No entanto as áreas neuronais responsáveis pelas emoções ficam mais activadas provocando uma resposta. No comportamento observável aquilo que alguns de nós sentem no contacto com autistas é que pode haver alguma desadequação na resposta.
Por norma cumprimento as mulheres com dois beijos na face. Algumas vezes acontece que a outra pessoa apenas dá um beijo ao invés de dois. Causando em mim uma breve atrapalhação por esperar o segundo. Uma situação quotidiana e que causa um leve momento de embaraço por norma escondido num sorriso social. Penso ser importante podermos respeitar o Outro. Na verdade, o cumprimento social, principalmente este que envolve o toque requer a aproximação física à outra pessoa. Esse (espaço interpessoal) também é um aspecto vivido de maneira diferente por todos nós. Assim, há uma variedade suficientemente grande para gerar em nós um sentimento de compreensão.
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