Há quem a procure uma vida inteira - a felicidade. Há quem a tenha ao seu lado uma vida inteira e pareça não a saber reconhecer. Há quem pense que quem tem autismo não a pode vir a ter!
Celebra-se hoje o dia internacional da Felicidade. efeméride celebrada desde 2013 promovido pelas Nações Unidas como forma de reconhecer a importância da felicidade na vida das pessoas. Mas a humanidade celebra desde há muito, ou pelo menos procura-a, a felicidade, desde sempre. Ao ponto do Butão, um pequeno reino budista localizado nos Himalaias que adopta como estatística oficial a “Felicidade Nacional Bruta” em vez do Produto Interno Bruto (PIB).
Mas o que é que significa ser feliz? É uma palavra que estamos a usar frequentemente - "Eu só quero que o meu filho seja feliz.", "Quando a semana chegar ao fim já posso ficar feliz.", ou "Estás feliz no teu novo trabalho?". Mas afinal de contas o que significa a felicidade? A felicidade é um conceito a curto prazo? Por exemplo, "Estou feliz quando estou a jogar videojogos!". Ou um conceito a longo prazo? Por exemplo, "Sou uma pessoa feliz!". Aquilo que provoca um estado de felicidade único numa pessoa pode ser a mesma coisa capaz de provocar um estado de infelicidade noutra pessoa. Apesar da dificuldade em torno do conceito de felicidade, este é considerado de uma forma consensual numa coisa positiva.
Todos nós experenciamos o mundo de uma forma única e diferente de cada um. Interpretamos os acontecimentos da nossa forma única através das nossas lentes. É esta forma única que faz com que a vida seja algo fantasticamente diversa. Mas também é ela própria capaz de a transformar em mal entendidos e interpretações enviesadas. Muito frequentemente a investigação aponta que os autistas são mais propensos ao desenvolvimento de sintomas depressivos e ansiosos, entre outros, comparativamente aos neurotipicos. Talvez muito frequentemente nós todos assumimos que o problema recai nestas pessoas - os autistas, ao invés de pensarmos que a felicidade é um conceito multifacetado e é influenciado fortemente por factores ambientais, sociais e psicológicos.
Os autistas passam por um conjunto de desafios enormes ao longo da vida no seu quotidiano. Tradicionalmente o sucesso tem sido medido nos autistas de forma tangível, em termos de resultados de saúde física ou emprego. Como por exemplo, obter uma certificação ou viver de forma independente. Se a pessoa alcançar estes dois pontos está garantido o sucesso. Caso contrário está condenado à vida infeliz. Apesar de serem indicadores importantes para o sucesso não são os únicos ou mais importantes para caracterizar a felicidade e bem estar.
Os autistas de uma forma única, tal como eu ou qualquer um dos leitores deste texto consegue alcançar algum nível de felicidade ao longo da vida. Não tendo de ser necessariamente igual ou errado a forma como a considera ou a vive.
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