Quando penso em falling in love esta é a imagem que me vem à cabeça, diz Berta (nome fictício). E se é verdade que a Lei da Gravidade de Newton diz que tudo o que sobe tem de descer. O certo é que nem sempre isso parece acontecer da forma como esperamos, continua. Berta é doutoranda em Física. Podemos agradecer a Newton o GPS, Google Earth e por todas as fotos do Sistema Solar que tenho arrumadas em pastas no meu PC, refere. Mas também podemos agradecer sentirmos os pés a levitar do chão. Assim como também termos a sensação do mesmo chão não fazer mais parte do sitio onde estamos. E se há quem diz que a culpa é do amor. Isso seria o mesmo que dizer que o facto de nos continuarmos a enganar no trânsito mesmo que com GPS se deve ao Newton, menciona. Se a equação descreve a atração gravitacional que dois objectos têm um pelo outro, de acordo com a massa deles e com a distância entre o centro de cada objecto, acrescenta. Isso é muito aquilo que se vai passando nas nossas relações ao longo da vida. A questão é que eu sempre achei que a minha massa não é igual à maior parte das outras pessoas, diz. E não, não tem a ver com o facto de ter peso a mais. Até porque sempre fui um passarinho a comer, dizia a minha mãe. Na verdade tenho uma lista de alimentos que não consigo comer devido à minha restrição alimentar, diz. E no que diz respeito à distância entre o centro de cada um de nós, tenho a certeza inabalável de que o meu centro apresenta toda uma configuração diferente dos demais, conclui. Não é por acaso que mesmo com a equação de Newton ainda assim me tenha estatelado contra a terra a uma velocidade incalculável de todas as vezes que fui largada pelas pessoas com quem me relacionei, volta a referir.
Não estavam à espera que escrevesse uma coisa destas no dia de São Valentim? pergunta. Não vejo porquê! Ou melhor, não sei se me apetece pensar no porquê! continua. Esperavam que enquanto mulher autista escrevesse que não sei o que é amor? Ou que descrevesse algo semelhante a uma criança de cinco anos? Ou talvez que referisse que esse sentimento a que chamam amor não me interessa? Poderia dizer que lamento se vos decepcionei. Mas na verdade não lamento. Tal como também tenho aprendido nas relações que tenho tido e naquelas que têm terminado, até mesmo de uma forma negativa, que há sempre uma aprendizagem por fazer. Talvez assim as pessoas ao lerem o texto também possam dar oportunidades a si mesmas de reflectir e aprender alguma coisa, refere.
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