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Smells like autistic spirit

Spoiler alert - não vou fazer nenhum cover da música Smells Like Teen Spirit dos Nirvana e também não vou anunciar nenhum teste olfactivo para diagnosticar pessoas autistas. Estou certo que muitos de vocês que estavam na adolescência quando saiu esta música (1991) sentiram várias coisas ao ouvir e dança-la. Desde uma descarga de adrenalina e uma activação fisiológica transformada numa excitação, até ao calor no espaço onde estavam apinhado de pessoas aos saltos. Mas será que alguns de vocês conseguiram cheirar a música? Isso mesmo, cheirar a música! E não, não é nenhuma metáfora para perguntar se na altura cheiraram haxixe. E conseguiram ouvir as cores do espaço em que estavam? Tal e qual. E mais uma vez não estou a perguntar se estavam a sentir os efeitos do consumo de substâncias psicoactivas. Muitos já ouviram falar e conhecem bem as hipersensibilidades sensoriais no Espectro do Autismo. Pessoas que detectam determinados cheiros de uma forma única quando mais ninguém perto de si o consegue fazer. Ou de interesses sensoriais olfactivos, em que as pessoas autistas procuram explorar determinados odores. E se lhe disserem que um sabor pode ter uma forma? Ou uma palavra ter uma cor? Isso é...

As pessoas com sinestesia têm uma forma única e singular de experimentar o mundo em que números podem evocar cores, palavras podem provocar gostos ou o movimento silencioso de um objecto pode provocar um som. Ou seja, a vida pode tornar-se numa verdadeira sinfonia com animação 3D em que a pessoa está envolvida a 100%. Está é uma condição que afecta um número relativamente pequeno da população, 2% a 4%, mas causa diferenças notáveis ​​na forma como estas pessoas percebem o mundo. Os Sinestetas (ou seja, pessoas com sinestesia) experimentam o seu ambiente com uma adição inusual de cores, gostos, cheiros, toques e outras sensações. Por exemplo, alguém com sinestesia pode ver cores no seu campo visual quando está a ouvir música ou quando comem determinados alimentos ou podem ouvir sons ao assistir (silenciosamente) a objectos em movimento. Apesar deste traço ser muito frequentemente ligado ao autismo, a evidência cientifica tem demonstrado que ele está mais frequentemente ligado a determinados casos de autismo, normalmente designado de Síndrome de Savant.


Ainda assim, é sabido que a Perturbação do Espectro do Autismo e a Sinestesia partilham padrões de conectividade cerebral e possivelmente genes, sugerindo que eles têm bases biológicas comuns. O que é interessante e igualmente importante de explorar. Até porque poderá ser uma via para poder descobrir mais acerca das hipersensibilidades e dos interesses sensoriais que tanto impacto têm na vida das pessoas autistas.E como tal, qual é a relação entre a sinestesia e as características específicas do autismo? A sinestesia contribui para sentimentos de sobrecarga sensorial no autismo? As pessoas autistas que experimentam sinestesia estão cientes de sua experiência perceptual incomum? Estudar a sobreposição entre sinestesia e autismo poderia ajudar a responder a estas perguntas e refinar hipóteses sobre a base biológica de ambas as condições. Atendendo a esta proximidade entre ambas as condições e de que as pessoas com sinestesia normalmente não se apercebem das suas características. Até porque desde criança que têm esta capacidade aumentada do ponto de vista perceptivo. Será importante que através do estudo da interligação entre estas condições se possa ajudar mais pessoas neste processo, nomeadamente nas questões sensoriais.

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