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Quem é que não ama o seu marido autista? (2ª parte)

Se não se lembra ou não leu a primeira parte deste texto, fica aqui o link. E sim, tal como nos casamentos, e não me venha dizer que não sabia que as pessoas autistas se casam. Porque nesse caso recomendo que leia antes outros textos deste site. Este texto sobre o casamento em que ele tem um diagnóstico de Perturbação do Espectro do Autismo é grande e precisa de ser repartido em várias secções e momentos. Assim como o casamento das pessoas, também vai evoluindo e tem várias partes, e perspectivadas de forma diferente consoante seja vista por ela (neurotipica) e ele (neurodivergente).


As questões sensoriais, onde paramos no primeiro texto, é tão denso e variado que iremos continuar no texto de hoje.


As questões sensoriais podem ter impacto em quase todos os aspectos da vida, desde a seleção de roupas, alimentos, roupa de cama e mobiliário que sejam confortáveis para ambos os parceiros, até aos ambientes e actividades que podem ser agradáveis para ambos. Há situações em que um processamento sensorial acrescido pode ser uma vantagem, como a capacidade de processar informação visual rapidamente e/ou de formas únicas. O desenho, a carpintaria e a engenharia são competências que as pessoas autistas, incluindo o seu parceiro, podem possuir como resultado de excelentes capacidades de processamento visual.


As necessidades/questões sensoriais podem mudar ao longo do tempo e até variar de dia para dia. Como adulto, o seu parceiro provavelmente aprendeu a lidar com e/ou evitar vários estímulos sensoriais no ambiente. Algumas estratégias comuns utilizadas para limitar eficazmente a sobrecarga sensorial ambiental incluem óculos escuros, tampões para os ouvidos e chapéus ou escolhas específicas de vestuário. Alguns indivíduos gostam de manter pequenos "fidgets" que podem ser calmantes e ajudar a contrariar a sobrecarga sensorial.


Em casa, dormir na escuridão total e utilizar um cobertor com peso pode ser útil para algumas pessoas. Em casa, espera-se que seja mais fácil ajustar a iluminação e controlar ou mascarar os sons e os cheiros do ambiente. Por vezes, trabalhar com um terapeuta ocupacional com formação em integração sensorial pode ser benéfico.


Os problemas sensoriais também podem afetar a intimidade. Se houver problemas sensoriais no quarto, estes podem ser resolvidos com melhor compreensão, paciência e desenvolvimento de estratégias para acomodar as necessidades de ambos os parceiros. Você e o seu parceiro podem discutir as várias diferenças sensoriais e considerar ajustes específicos que serão bem sucedidos.


Em situações em que uma pessoa autista está stressada, ela pode mais facilmente experimentar uma sobrecarga sensorial e, como resultado, fechar-se ou possivelmente ter um "colapso". Um adulto autoconsciente do espectro do autismo pode normalmente reconhecer os primeiros sinais de alerta e desenvolver estratégias para sair e acalmar-se. Ambos os parceiros conscientes deste facto podem trabalhar em conjunto, de modo a que ambos sejam acomodados. Muitos casais desenvolvem sinais para comunicar se o parceiro com PEA está a ficar sobre-estimulado e precisa de uma pausa. Uma pausa pode assumir várias formas que podem ser discutidas antecipadamente. Se for necessário, pode significar levar dois carros para um evento, para que o parceiro com PEA possa sair do evento e o parceiro sem PEA não tenha de sair.


Pareceu-lhe muita informação? É compreensível. Hoje ficamos por aqui. Até porque estas questões sensoriais são capazes de drenar a pouca energia que as pessoas autistas acabam por ter em alguns momentos. E como não há duas sem três, no próximo texto abordaremos outros aspectos. Até lá e se tiver identificado dificuldades suficientes não hesite em procurar contactar um profissional de saúde especializado na área. Seja a Dra. Teresa Carvalho (teresa.carvalho@pin.com.pt), colega e amiga com quem partilho algumas destas ideias, ou um profissional especializado na área do autismo no adulto.


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