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Quem sou eu? Serei aquele que pergunta ou quem não tem a resposta?

No Autismo as questões não se centram exclusivamente nas características comportamentais e nos critérios de diagnóstico. No Autismo o desenvolvimento da identidade é fundamental. Esta está intimamente relacionada com o diagnóstico mas não só.

Os adolescentes autistas estão em maior risco para o desenvolvimento de dificuldades em saúde mental. Um facto potencial que contribui para tal é o desenvolvimento da identidade. Mais especificamente, as dificuldades que vão ocorrendo e comprometendo este processo. Como muitos outros assuntos no autismo, esta questão também tem estado adormecida e pouco explorada em detrimento de outros aspectos mais relacionados com o diagnóstico, as suas características, etc. Mas estes adolescentes, para além de tudo o mais na sua vida, precisam de considerar o autismo e de como este constitui a sua identidade.

Uma tarefa chave que ocorre durante a adolescência é o desenvolvimento da identidade. A pessoa começa a questionar e distanciar-se das expectativas, valores e identidades transmitidos a eles pelos seus país . No entanto, em todo o processo de desenvolvimento e construção da identidade no autista parece não haver compreensão. Em grande parte porque parece não ser importante sequer considera-la. De como é que os autistas navegam na sua identidade em termos do processo de aculturação à cultura autista.


Alguns autores têm referido que a maioria dos adultos autistas e seus familiares parecem preferir a terminologia autista à de pessoa com autismo. Para eles o autismo é parte integrante da pessoa. No entanto, também há evidência que sugere que os jovens autistas se podem estar a distanciar da cultura autista e mantêm a percepção acerca das suas diferenças, além de mostrar preocupação por não se sentirem integrados.

Globalmente parece que estamos a falar de uma angústia, um stress emocional associado à necessidade de pertença. Apesar de alguns estudos apresentarem resultados de que aqueles autistas mais alinhados à cultura não autista parecem produzir mais pensamentos positivos acerca de si próprios do que aqueles que não alinham em nenhuma das posições. Penso ser importante poder compreender que é fundamental criar um espaço favorável e fértil capaz de fornecer e fomentar a possibilidade da criação desta identidade e sentido de pertença. Um espaço seguro e não ameaçador, em que independentemente da escolha de cada um a mesma cabe ao próprio. A nós investigadores e clínicos penso que cabe a oportunidade de pensarmos para além do que pensamos ser o mais importante no autismo e em caso de dúvida poder perguntar ao autista como é que ele se gostaria de pensar.

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