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Quem sou eu?

Penso que todos nós já nos colocamos esta questão em algum momento da nossa vida, certo? Mas há pessoas que foram e vão fazendo este questionamento com mais frequência e durante um período maior da sua vida vida. E apesar de partilharem este seu questionamento com profissionais de saúde, sejam médicos ou psicólogos, infelizmente são muitos aqueles que continuam a não ter uma resposta adequada. A incompreensão do Mundo, ou pelo menos de parte sempre esteve lá. Porque é que se dá um nome de pessoa a um gato? Ou a uma boneca? Se as pessoas dizem que vão fazer uma coisa, é suposto cumprirem-na! Se me pediste para pintar a folha porque não disseste que não era toda? Não era suposto as pessoas pensarem desta forma? Não vejo porquê? Isto só me faz sentido desta forma! Os meus pais disseram-me que me levaram sempre a todas as consultas, fossem as obrigatórias de Pediatria, mas também a outras! A minha Médica de Família diz que o meu problema é a depressão e o estar sempre a ruminar e repisar os mesmos assuntos! As minhas sensorialidades sempre estiveram presentes. A minha família sempre disse que as minhas manias eram iguais às do meu pai, tios e avô! Eu pensava que era uma pessoa tímida, demasiadamente tímida. A minha mãe também sempre o foi, e apesar de sofrer muito com isso, conseguiu fazer a sua vida! Nunca gostei de estar rodeado de muitas pessoas. Mas o certo é que as pessoas nem sempre foram compreensíveis o suficiente. Aborrecia-me de estar com elas, mas as suas conversas não me interessavam. Além do mais nunca pensei que uma pessoa que fosse passando de ano na escola e que fizesse a universidade, mesmo que com algumas dificuldades pudesse ter algum tipo de problema mental. Na maior parte das vezes eu nem sequer considerava que estava errado ou que era incorrecto na forma de lidar com as coisas. Por que razão haveria de considerar que eu tinha alguma perturbação? O certo é que nos últimos três anos tenho lido cada vez mais coisas com as quais me identifico. E leio que alguns daqueles comportamentos e atitudes são do Espectro do Autismo. Fui ler um pouco mais sobre o tema e percebi que poderei ter alguma coisa relacionada. Fui falar novamente com o meu Médico de Família que me disse ser impossível ter autismo. Quem sou eu para duvidar do meu médico. Ele já me conhece há bastantes anos. Ainda assim, só para tirar as dúvidas marquei uma consulta com um Psicólogo que me disse algo muito semelhante e que acrescentou que eu tinha uma Perturbação de Ansiedade Social e uma Depressão. Estive a pensar nas várias possibilidades de diagnóstico que já me deram, e nenhum deles me faz sentido. Eu própria não faço sentido! Já me habituei a sentir assim, um estranho em terra estranha! Gostava de perceber quem sou eu. Não devia ser assim tão difícil. Vejo e oiço tantas pessoas a dizerem que sabem quem são. No secundário ouvia os meus colegas dizerem que sabiam o que queriam fazer na vida. Sempre me perguntei porque eu era o único que parece não saber. E o mesmo na universidade. Eu ainda quero perceber quem sou eu e o que é que ando a fazer neste mundo. Mas já me cansei de fazer a pergunta a tantas pessoas e continuo a não ver e sentir essa resposta! No Espectro do Autismo, há um processamento da informação sobre o Self, o Outro, o Mundo e a relação entre todos que apresenta características diferentes comparativamente às pessoas com um desenvolvimento tipicamente normativo. Mas as pessoas têm o direito a procurar saber quem são e a obter essa resposta e compreensão. Caso seja um profissional de saúde, seja médico ou psicólogo e sinta que não está a conseguir compreender aquilo que o seu cliente lhe está a trazer para a consulta, procure encaminhar o seu cliente para alguém que possa ser capaz. Ou procure pedir ajuda junto dos seus colegas para ter uma outra compreensão do que o seu cliente lhe está a trazer.



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