As danças são parte integrante e importante da cultura dos Maasai. E eles têm inúmeras danças diferentes para a celebração de eventos diferentes. Uma das mais conhecidas e vistas no grande ecrã chama-se adumu, ou seja, a dança do salto. Os Maasai juntam-se para fazer esta dança e aquele que conseguir saltar mais alto poderá escolher a sua esposa. E enquanto saltam, as mães cantam para celebrar a bravura dos seus filhos, enquanto que as raparigas cantam para incentivar o seu preferido. Após este momento National Geographic, e se nos conseguirmos abstrair da ideia anterior, poderíamos pensar que muitos de nós têm tribos com algumas semelhanças. Seja pelo gosto de dançar e dos diferentes tipos de dança consoante a ocasião a celebrar. Mas também o poder fazer alguma actividade para poder poder ganhar a possibilidade de escolher o parceiro amoroso, ou de pelo menos ser atractivo o suficiente para ser escolhido. Seja como for, as identidades sociais são grupos dos quais fazemos parte e influenciam a forma como pensamos sobre nós mesmos. Não me parece que os Maasai se questionem pelo facto de fazerem o que fazem para escolher a sua parceira. Da mesma forma que muitos de nós não o fazemos dentro do nosso próprio grupo. Mesmo que alguém de fora possa dizer que aquele ritual ou comportamento não parece fazer sentido. Certamente a pessoa irá reagir imediatamente explicando que faz todo o sentido e o próprio grupo de pertença irá validar a resposta. E se olharmos para a fotografia que serve de complemento ao texto, podemos observar que há muitas semelhanças dentro dos membros da tribo Maasai. Ainda que cada um deles tenha um conjunto de características que são únicas, sejam fisionómicas mas também psicológicas e identitárias. E o mesmo também acontece connosco. Se repararmos apresentamos muitas semelhanças com a nossa tribo e com a qual nos identificamos. E até temos a possibilidade de pertencer a diferentes tribos. E qual a tribo a que as pessoas autistas podem pertencer? E como é que esses grupos podem influenciar a sua pessoa e mais especificamente a sua saúde mental? Esta questão da tribo associado ao autismo faz certamente lembrar-vos do grandioso livro do Steve Silberman - Neurotribes, certo? Como diz na própria sinopse do livro, Neurotribes - O legado do autismo e de como pensar de forma mais inteligente sobre pessoas que pensam de maneira diferente. E porquê pensar na influência dos grupos aos quais as pessoas autistas pertencem para perceber o seu impacto na sua saúde mental? Primeiro, porque as pessoas autistas têm um grande impacto ao longo do seu desenvolvimento na saúde mental. Segundo, porque sabemos que um número significativo de pessoas autistas tem uma maior propensão para viver em algum isolamento social. Seja por escolha do próprio, mas também devido à forma como sente ser difícil que as pessoas neurotipicas consigam compreende-la. Terceiro, porque pertencer a um grupo leva a assumir a existência de uma "cura social" que os grupos aos quais pertencemos e dos quais nos consideramos parte e são importantes para nós tem um impacto significativo na saúde. Quantas vezes não se sentiu em baixo e alguém da sua tribo telefonou-lhe a perguntar o que se passava e ficaram a falar sobre isso ao ponto de ter ficado mais aliviado? No caso das pessoas autistas é muito comum ouvirmos dizer que sempre se sentiram diferentes e que nunca se sentiram encaixados ou pertencentes a nenhum grupo. E que isso os tem levado a sentir maior isolamento e sofrimento. Mas também já ouvimos dizer muitas pessoas autistas que o facto de sentirem pertencer a um grupo dentro da comunidade autista os faz sentir bem e melhor integrados. E que o facto de não terem de estar sistematicamente a explicar ou justificar muito do que dizem, fazem ou pensam, é algo que os deixa bem. Por exemplo, é comum ouvirmos crianças, jovens e até mesmo adultos autistas referirem que se sentem bem e que se identificam com uma pessoa ou um grupo de pessoas que partilham um mesmo interesse. Por exemplo, jovens autistas jogadores de videojogos e que se identificam com os jogadores pertencentes àquela determinada comunidade de jogadores daquele jogo especifico. E quando algumas vezes lhes é perguntado o porquê da identificação ao grupo, muitos respondem porque eles gostam do mesmo que eu. No caso dos adultos autistas é esperado encontrarmos uma identificação social mais diversificada e com mais grupos, incluindo com outras pessoas autistas, sua família,, pessoas do trabalho e grupos de pessoas de um qualquer passatempo ou actividade que realizam. Sendo que a identificação com um grupo autista ou com a sua família parece ser os dois grupos que as pessoas autistas mais identificação sentem. Ainda assim não deixam de querer pertencer e identificar-se com um determino grupo e querer fazer parte integrante dele. E o facto da pessoa autista se identificar enquanto autista é conhecido como tendo um impacto positivo na sua saúde mental, nomeadamente numa redução da sintomatologia depressiva e pensamentos acerca da sua saúde mental mais positivos.
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