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Foto do escritorpedrorodrigues

Pérolas holandesas

Mulher Holandesa de 29 anos conseguiu obter aprovação do seu pedido de suicídio assistido com base no seu sofrimento psicológico.


Nos últimos dias as redes sociais e a comunicação social nacional tem trazido esta noticia e são muitas as pessoas que se têm inflamado, comovido e insurgido numa posição pró ou contra esta questão. Contudo, a pergunta deve ser colocada - Qual a questão de que estamos a falar?


Estaremos a falar de aspectos relacionados com o valor da vida e de como a eutanásia e o suicídio medicamente assistido contraria? Ou então do facto de uma pessoa em sofrimento psicológico atroz que poderia ter uma resposta de cuidados de saúde mental adequados e fornecidos atempada e precocemente para se procurar evitar este pedido? Mas também não poderemos colocar aqui a questão da escolha de terminar a vida depender da pessoa, ainda que deva ser reflectido em que situações esta escolha deva/possa acontecer?


Uma coisa me parece certo, este tema e este acontecimento não é simples ou linear, e traz a necessidade de pensarmos todos sobre esta questão.


E já agora, esta questão trazida pelo pedido desta mulher holandesa não é caso único. Nos últimos anos tem sido reportado um conjunto de 20 a 30 casos de pessoas com um diagnóstico de Perturbação do Espectro do Autismo na Holanda a quem terá sido concedido o suicídio medicamente assistido. E também se tem sabido de casos semelhantes no Canadá.


Tem-se argumentado que, paradoxalmente, a legalização da eutanásia ou do suicídio assistido pode salvar vidas. E se as pessoas tivessem a segurança de saber que estas opções existem, talvez não terminassem com as suas vidas prematuramente. Para além das vidas terminadas directamente pelo suicídio assistido, foi sugerido que a legalização do suicídio assistido pode também ter o efeito de normalizar o suicídio (assistido ou não assistido) e, por conseguinte pode levar a um aumento dos suicídios não assistidos.


Mas o que é a morte assistida? Esta refere-se tanto à eutanásia activa voluntária como à morte assistida por um médico. Estes dois tipos de morte assistida distinguem-se pelo grau de envolvimento do médico. A eutanásia activa voluntária implica que o médico desempenhe um papel activo no pedido de morte do doente, geralmente através da administração de uma substância letal por via intravenosa. A morte assistida pelo médico implica que o pessoal médico fornece ao doente os meios letais para se matar, ou seja, é o doente que os emprega.


Um dos aspectos que é referido na lei holandesa para o suicídio medicamente assistido é a competência de decisão significa que o doente é capaz de compreender as informações relevantes sobre a sua situação e o seu prognóstico, de considerar quaisquer alternativas e de avaliar as implicações da sua decisão. Sendo que é salientado a importância de uma avaliação cuidadosa da capacidade se o paciente tiver uma deficiência intelectual. Em ambos os aspectos sobressaem algumas questões sobre o processo de avaliação e de como o fazer para determinar e aceitar o pedido de suicídio medicamente assistido. Mas também como avaliar e determinar a compreensão da pessoa que faz o pedido. E de como esta pessoa no conjunto das suas características decorrentes do(s) seu(s) diagnóstico(s) poderá comprometer e contribuir para para a compreensão deste pedido.


Alguns países também autorizaram a eutanásia passiva, que consiste na retirada ou retenção de tratamentos de preservação da vida, a pedido do doente ou de um membro da família. A eutanásia é legal em cinco países da Europa: Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo e, mais recentemente, Alemanha e Espanha. Os dois primeiros países reconhecem mesmo os pedidos de menores em circunstâncias estritas.


O suicídio assistido, em que são dados a alguém os meios para pôr termo à sua própria vida, é legal na Suíça desde 1942, mas a eutanásia activa não é permitida. Outros países, como a Áustria, a Finlândia e a Noruega, permitem a eutanásia passiva em circunstâncias rigorosas, em que as pessoas que sofrem de uma doença incurável podem decidir não receber tratamentos que prolonguem a vida, como a alimentação ou a hidratação artificiais.


Como podemos ver há todo um conjunto de considerações e que não são de agora em relação à eutanásia e ao suicídio medicamente assistido. E que tem sido debatido do ponto de vista clinico, cientifico, filosófico e politico, e que carece do envolvimento de todos. Caso contrário corremos o risco de ficar sem saber várias coisas tal como nesta obra do Vermeer.


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