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Por detrás das barras

Alguns de vocês têm idade para se lembrar destas barras aparecerem no televisor lá de casa, normalmente acompanhado da frase - sem sinal. A frustração sentida apenas era comparável à incompreensão do que poderia estar por detrás da situação. Esta sensação é um pouco aquilo que acontece em relação ao percurso de vida de muitas pessoas com Perturbação do Espectro do Autismo (PEA). E isto se pensarmos naqueles que sabem o diagnóstico, porque depois haverá um número igualmente importante daqueles que nem o sabem. Alguns trabalhos realizados no Reino Unido e nos EUA junto da população reclusa tem demonstrado que existe uma prevalência grande de pessoas com traços do Espectro do Autismo. Apesar de não haver evidência de que as pessoas com PEA sejam mais propensas a terem comportamentos tipificados no Código Penal comparativamente aos neurotipicos. No entanto, sabemos que as dificuldades existentes na vida de uma pessoa com PEA, sejam as perturbações psiquiátricas associadas, o facto de haver um número considerável de pessoas adultas não diagnosticadas ou com acompanhamentos adequados, etc., levamos a suspeitar dos dados respeitante ao número de pessoas presas com Perturbação do Espectro do Autismo. Os estudos de prevalência sobre esta questão são diminutos e em Portugal existe uma referência importante da Diana Loureiro e colegas "Higher Autistic Traits Among Criminals, But No Link to Psychopathy: Findings from a High-Security Prison in Portugal" de 2018. Existem estudos que caracterizam as perturbações mentais existentes junto da população a cumprir pena de prisão, mas nada que aponte para a existência de pessoas com Perturbação do Espectro do Autismo. Na Europa, um estudo sobre as perturbações mentais nas prisões envolvendo treze países revelou que, em relação à totalidade dos presos, cerca de 5% preenchia os critérios para uma perturbação psicótica e cerca de um quarto revelava uma perturbação afectiva ou da ansiedade. Ao associar as percentagens dos presos que apresentavam uma perturbação de consumo de substâncias, verificou-se que 63% do total dos detidos preenchiam os critérios para uma perturbação mental. Com base nestes resultados e sabendo que 1 em cada 100 pessoas adultas apresenta um diagnóstico de Perturbação do Espectro do Autismo, é fundamental poder compreender a realidade da população reclusa em relação aos traços do Espectro do Autismo. Por exemplo, no estudo da Diana Loureiro, as autoras encontraram dados que mostram que os prisioneiros do sexo masculino têm uma maior probabilidade de manifestar traços autistas do que a população em geral, independentemente da idade, educação, geral, traços comportamentais de PHDA e traços psicopatia. As pessoas com PEA, apesar de serem igualmente ou menos propensos a cometer crimes quando comparado com a população em geral, pode ver-se mais facilmente envolvido e condenado pelos seus crimes, devido à falta de redes sociais e habilidades que lhes permitiria escapar ou então mentir e manipular o sistema a seu favor.


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