Pathography - aviso que não se trata de nenhuma espécie nova de pato encontrada recentemente. E que não se trata de nenhuma reedição dos Psicopatos, infelizmente.
A Patografia trata-se do estudo da pessoa ou da história de uma determinada comunidade no que diz respeito à sua vivência de uma determinada condição física ou mental. Tem sido usada em várias condições, tais como HIV/SIDA, Diabetes, mas também Depressão, Perturbação Bipolar entre outras tantas. A Patografia assume um formato gráfico ao invés de ser somente escrita. Seja porque algumas pessoas apresentam dificuldade em escrever, devido por exemplo a alguma característica da sua condição física ou mental. Mas também porque algumas pessoas sentem maior dificuldade em escrever sobre determinados tópicos ou experiências de vida. E na verdade, as pessoas com uma determinada condição clínica, acabam por ter períodos de vida mais traumáticos e como tal difíceis de expor. E esta abordagem acaba por se torna um facilitador, não só da expressão e vivência interna da pessoa. Mas também acaba por ser um facilitador na comunicação com o profissional de saúde sobre aquilo que está a sentir.
Por exemplo, lembro-me em 1985, quando foi lançado a música e videoclip dos A-HA . Take on me, que mesmo que eu tirasse o som à televisão (coisa que fiz a titulo de experiência), era possível compreender o que se estava a passar no videoclip. E isto porque a animação, mesmo que sem legendas, era capaz de traduzir o significado do que estava a acontecer.
A Patografia não narra apenas as esperanças, medos e ansiedade tão comuns às condições clinicas de muitas pessoas, mas também servem como guia para a própria experiência médica, ajudando a moldar a expectativa do leitos sobre o curso e tratamento de uma determinada condição clínica. Por exemplo, quando um jovem é diagnosticado com Diabetes e necessita de todo um conjunto de procedimentos no seu quotidiano para regular os seus níveis de glicémia. É bem possível que no inicio se sinta assustado relativamente a toda aquela informação. Mesmo que esta seja explicada pelos profissionais de saúde, pais e outras materiais escritos. No entanto, a Patografia, normalmente escrita por uma pessoa com a mesma condição poderá ser facilitador da compreensão e sobre os procedimentos anteriormente referidos.
Mas as Patografias também podem ser usadas para ajudar a restaurar a dimensão experencial da condição e do respectivo tratamento, levando a colocar a pessoa no centro daquela experiência.
E o que é que tudo isto da Patografia tem a ver com o Autismo? Eu diria, tem tudo. Muitos lembram-se da Temple Grandin dizer que pensava em imagens. E num dos muitos livros que escreveu, Temple Grandin referiu, "quando eu penso sobre conceitos abstractos, uso imagens visuais...pensar na linguagem e palavras é estranho para mim. Eu penso em imagens.". E além da Temple Grandin, é muito comum as pessoas autistas serem descritas como pensando mais a nível visual. Seja pensar em imagens ou usar estratégias visuais como representações mentais visuais, é sabido que há uma maior activação do córtex visual das pessoas autistas na realização de múltiplas tarefas. Além disso, as pessoas também usam estratégias visuais e representações mentais ao executar tarefas de compreensão linguística e raciocínio verbal
Além de haver muitas pessoas autistas com este tipo de padrão no processamento da informação. Também é conhecido o interesse em muitas pessoas autistas em desenhar. E se associarmos isso à necessidade de comunicar mais e melhor com os Outros. Pensamos que a utilização desta estratégia pode servir um bom propósito. E com a adicional de ajudar os neurotipicos a melhor compreender o autismo e as pessoas autistas.
E como diz o Psicopato - Entre loucos, quem tem juízo é o pato!
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