O diagnóstico de autismo é baseado na observação comportamental. Mas uns e outros, pais e investigadores, por razões porventura diferentes continuam a procurar uma evidência física desta condição, marcados biológicos do comportamento. O desejo de compreender e explicar o comportamento é inato na espécie humana. E a neurociência precisa do comportamento.
O diagnóstico de autismo é baseado na observação comportamental. Mas ainda se pergunta se não há um exame que possa comprovar o diagnóstico. Seja uma análise ao sangue ou uma Ressonância Magnética. Apesar de poder ter uma resposta rápida e para já única - Não, não há um exame para determinar o diagnóstico de Autismo. Parece ser compreensível na medida em que o anuncio de várias investigações cientificas e a maneira como são comunicadas parece dar a entender o contrário. Ainda por cima se o cérebro é o órgão que regula o comportamento e se há áreas responsáveis por determinados comportamentos então mais uma razão para haver um exame que ajude a determinar o diagnóstico. Certo, perguntam os pais? Mas não! A resposta continua a ser rápida e ainda única - Não, não existe.
Esta questão não é de agora. Se pensar que o próprio Aristóteles já estudava o Sistema Nervoso em 1800's . E desde a introdução da tecnologia no campo da saúde e mais precisamente da neuroimagiologia (TAC, Ressonância Magnética, PET, etc.) em 1960, esta questão passou a ser mais premente e frequentemente advogada. Vamos olhar o cérebro e a sua forma de funcionar e com isso vamos determinar o comportamento. A tarefa tem-se tornado mais árdua que o desejo de a alcançar. E o debate mantém-se aceso. O Sistema Nervoso controla o comportamento? O que é o comportamento? E o que significa compreender? Será igual para um pai ou um investigador?
Se pensarmos que compreender o comportamento é descrever em grande detalhe as moléculas e as áreas do cérebro e que tal faz alterar o comportamento se esses mesmos componentes forem alterados. A partir desta perspectiva o comportamento é facilmente visto como um fenómeno observável. Uma variável que pode ser medida. Mas logo houve quem se insurgisse para dizer que a neurociência precisa do comportamento.
Na investigação no autismo esta questão tem sido frequente. Os estudos que têm usados técnicas neuroimagiológicas e desenhos de investigação experimental ainda não foram capazes de encontrar estruturas cerebrais ou uma actividade cerebral única associada ao autismo. Vários são os exemplos de estudos que ao longo destes anos têm lançado inclusive alguma confusão de muitos de nós que carecem de capacidade de compreender este jargão.
Se pensar na expressão comportamental do que compreendemos enquanto autismo verificamos existir uma grande heterogeneidade. Como tal será de esperar uma maior dificuldade em conseguir encontrar uma assinatura cerebral única desta condição. Tal como no tempo do Localizacionismo, actualmente o mapeamento das diferentes estruturas cerebrais não tem contribuído para esta possibilidade de compreender o autismo. Apesar de métodos estatísticos mais recentes ajudarem a compreender os subtipos no autismo.
Como tal, se queremos compreender a neurociência do autismo precisamos igualmente de procurar continuar a estudar o comportamento do autismo. E para tal precisamos de escutar o autista e os seus pais. Os seus pedidos, silêncios, dúvidas, certezas, etc. É compreensível que os pais possam querer um exame que determine que há no cérebro uma estrutura que possa ter uma falha. Poderá ajudar a deslocar a zanga e a atribuição de responsabilidade para essa mesma falha e com isso procurar o alivio da angústia sentida. Ouvir que há uma percentagem de genética que explica o surgimento desta questão é assumir que há em pelo menos um dos pais uma origem que justifica aquela ida ao médico, psicólogo, etc. E isso pode ser mais difícil de compreender. E para isso também não há um exame neuroimagiológico que ajude a determinar.
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