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Foto do escritorpedrorodrigues

O segredo

No inicio de 2000 passou a surgir um conjunto de livros de auto-ajuda, e muitos deles continham o nome Segredo. Um deles inclusive chamava-se mesmo O Segredo. O livro em questão e muitos daqueles que vieram a seguir têm por base a designada lei da atração e que afirma que o pensamento positivo pode criar resultados de mudança de vida, tais como o aumento da felicidade, saúde e riqueza. Na verdade, a necessidade destas e de outras coisas semelhantes devia ser muita e o livro em questão tornou-se um best-seller e vendeu mais de 19 milhões de cópias em todo o mundo, além de traduzido em cerca de outros quarenta e quatro idiomas. Passado quinze anos depois da publicação do livro e ainda mais hoje que celebramos o dia Mundial da Saúde, continuamos sem saber O Segredo. Principalmente aquele segredo em relação ao estado de saúde das milhares de pessoas autistas adultas que existem por esse mundo fora. Se recorrermos à ajuda de algum matemático talvez pudéssemos calcular quantas pessoas autistas leram O Segredo e procurar perceber se pelo menos esses nos sabem dizer como é que está a sua saúde. Provavelmente no meio disto tudo muitos daqueles que pensam e sentem que podem ser autistas adultos mas que ainda não têm o seu diagnóstico, seja porque não têm forma de o pagar ou porque ainda aguardam um profissional de saúde que lhes reconheça as suas características. Muitos destes ainda menos saberão acerca da sua saúde, seja a mental mas também a física. Sabem que sofrem, muito e diariamente. Neste dia Mundial da Saúde também se fala muito acerca de como empoderar as pessoas a serem elas próprias a participar na construção das futuras políticas de saúde. Por exemplo, é um dos eixos que tem estado a ser debatido por exemplo com os jovens - capacita-los para a sua participação na construção daquilo que serão as políticas de saúde nos próximos 10 anos. É uma iniciativa interessante e importante sem dúvida. Mas voltando às pessoas autistas, sejam os jovens mas também os adultos, aqueles que já tem o diagnóstico mas também aqueles milhares que ainda não o têm, como é que podemos pensar que estas pessoas estão capacitadas para poder participar na construção de políticas de saúde que os vão afectar directa e indirectamente nos próximos 10 anos ou mais? Talvez a ideia da fotografia que acompanha este post faça algum sentido - O Segredo está encerrado dentro da pessoa. Mas como não lhe estão a fazer um exame adequado para saber, não consegue ajudar a pessoa a encontrar a chave para a sua situação e como tal continuamos ao fim de 80 anos de autismo a caminhar muito devagar na melhoria da qualidade de vida das pessoas autistas. E ainda mais principalmente fazer com que sejam estas as principais intervenientes na construção do seu bem estar.


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