Christmas tips for autistic people and their families, podia ler-se no primeiro lugar da pesquisa do google que fiz, diz Bernardo (nome fictício). As outras possibilidades não eram muito diferentes, continua. Fiquei a pensar que até mesmo o natal parece um local de acidente cheio de avisos de perigo para as pessoas autistas, refere. Mas o mesmo se passa se for para qualquer outra altura do ano! desabafa. Se for o ano novo, é por causa do fogo de artificio. Ou se estiver nos Estados Unidos é o 4 de julho. Ou as festas de aniversário e o carnaval, diz. Tudo é colocado de forma perigosa para as pessoas autistas. E as pessoas não autistas ficam com a ideia de que é assim para todas as pessoas autistas. E estamos a falar de celebrações, mas o mesmo também se passa para outras coisas. Como se estivéssemos a dizer que as pessoas autistas são de cristal e se partem ao primeiro espirro que alguém der, continua a desabafar. Lá em casa somos todos do espectro, diz Carolina (nome fictício). Carolina e o Bernardo estão casados há dezasseis anos. O nosso filho mais velho tem PHDA e a rapariga autismo, diz. Mas celebramos todos o natal, afirma. Mesmo até o nosso filho que é adolescente e parece já não se envolver tanto nas celebrações, acaba por celebrar da sua própria maneira, comenta Bernardo. As questões de que tanto falam estes posts e avisos a dizer que o natal é um período perigoso, aborrecido e cheio de momentos inesperados para as pessoas autistas, não é apenas no natal, diz Carolina. É assim todos os dias, sempre que as pessoas não aceitam a diferença e não fazem por tentar compreender, diz Bernardo. É na escola como no trabalho, refere. É preciso falar mais e mais sobre o autismo, diz Carolina. Mas é preciso ainda mais falar sobre a normalidade da vida das pessoas autistas, continua. E não continuar a colocar tudo como se a vida das pessoas autistas fosse um local de acidente cheio de avisos de perigo, como o Bernardo disse, refere Carolina. Ainda que as pessoas autistas possam ter uma neurologia diferente, isso não quer dizer que sejamos um bando de acidentados, diz Bernardo entre uma gargalhada partilhada com Carolina. Quantos não existem com neurologias diferentes, até mesmo sem diagnóstico? pergunta Bernardo. Nós preocupamos com a inflação e o desemprego. Ou os conflitos no Mundo e as questões ambientais. E se há detergente suficiente ou amaciador para lavar a roupa. Essas cosas todas que fazem parte da vida das pessoas adultas, sejam autistas ou não autistas, diz Carolina.
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