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O Autismo envelhece e a caravana passa

Foto do escritor: pedrorodriguespedrorodrigues

O ditado costuma ser - "Os cães ladram e a caravana passa.". O certo é que independentemente de não se estar a olhar para o Autismo ao longo do ciclo de vida, tal como a caravana no ditado, ele segue o seu caminho. E o caminho neste caso é bastante acidentado!

A esperança média de vida em Portugal é de 81 anos, aproximadamente, com as devidas diferenças nos homens comparativamente às mulheres. Quando falamos de Autismo continuamos em muito a associar à infância. Ao ponto de já ter uma vez chamada de Síndrome de Peter Pan à Síndrome de Asperger. Ou seja, os Autistas parecem as "crianças perdidas" da Terra do Nunca e que não se sabe o que acontece ao longo do ciclo de vida.


Pois bem. Anotem isto - se a esperança média de vida em Portugal é de 81 anos aproximadamente, então há Autistas, homens e mulheres com 81 anos. Certo?!? A questão vai para além deste preciosismo que parece esbarrar em alguma teimosia, ignorância ou qualquer outra questão. Entre outros aspectos a pessoa Autista vai ter um percurso mais acidentado e com mal estar fisico e psicológico associado. Não só devido à existência das perturbações psiquiátricas associadas aos quadros de Autismo. As chamadas comorbilidades psiquiátricas como a Ansiedade, Autismo, Perturbação Obsessivo-Compulsiva, etc. Mas também devido ao facto de se continuar a não identificar com facilidade e atempadamente o Autismo na pessoa ao longo do ciclo de vida e principalmente nos adultos.


Hoje em dia tem-se ouvido falar de uma epidemia de Autismo. Não obstante a afirmação poder ser controversa, há que dar algum enquadramento à mesma. Não há uma epidemia no verdadeiro sentido do conceito. No entanto, a comunidade cientifica, médica, psicológica, e outros terapeutas está mais capaz de efectuar uma melhor identificação de uma variabilidade de apresentações de quadros de Perturbação do Espectro do Autismo em homens e mulheres. E como tal há neste momento mais casos sinalizados. E que infelizmente não estão ainda a ter as respostas necessárias num número significativo de vezes. Falamos sobre diagnósticos precoces, apoio e tratamento, e como melhor ajudar aqueles que são, como dizemos, “no espectro”. Geralmente, falamos de crianças ou jovens. Mas e aqueles com mais de 50 anos (incluindo aqueles que poderiam ter sido diagnosticados nos últimos anos porque o autismo raramente foi diagnosticado quando eram crianças) que estão à procura apoio à medida que envelhecem?

Estamos em grande parte a lidar com um território não mapeado. Há uma escassez de pesquisas sobre idosos com PEA e falta de planos viáveis ​​para intervenção de curto e longo prazo, embora essa população seja cada vez maior. De fato, as necessidades daqueles com PEA variam muito. Aqueles com PEA grave podem ser não-verbais e precisam de assistência em todas as atividades da vida diária, enquanto outros com PEA mais leves são capazes de cuidar de si mesmos. Mas as dificuldades identificadas são mais que muitas. As dificuldades enfrentadas por pessoas idosas com PEA foram identificadas, como isolamento social, problemas sociais, problemas de comunicação, problemas com finanças, falta de apoio com cuidados pessoais, falta de defesa, assistência médica e moradia inadequadas e falta de disponibilidade de emprego, etc.


Tantas preocupações! Embora todos os idosos devam ter acesso a atividades sociais, moradia, cuidados preventivos e trabalho, se for apropriado, fica claro que aqueles com autismo têm necessidades adicionais. Dado o fato de que os serviços de educação especial terminam quando um indivíduo completa a escolaridade obrigatória, há uma grande lacuna nos serviços disponíveis para jovens adultos até a velhice. Temos todos muito trabalho a fazer! Aqueles com PEA, como todos nós, merecem ser tratados com respeito e dignidade.

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