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Foto do escritorpedrorodrigues

O algodão não engana

Dizia o anúncio da Sonasol na pele de um mordomo, lembra-se? E a vida também não costuma enganar-se no que diz respeito à necessidade de independência para se viver uma vida autónoma. Ainda me lembro que aprendi cedo a cozinhar e a fazer outras tarefas domésticas. Não sou nenhum modelo exemplar. E há tarefas domésticas que não me agradam, ainda que as faça. Mas os meus pais sempre sentiram que seria uma aprendizagem fundamental para a vida - "saber desenrascar-me sozinho!". Ainda que naquela altura se vivesse numa cultura ainda mais marcada pelo machismo e de que determinadas tarefas, nomeadamente as domésticas, era tarefa de mulher. Os meus pais nunca largaram mão disso. E ainda bem, digo eu. Mas nem todos foram ou são sensibilizados para isso. Seja porque os valores vividos na sua família são diferentes, mas também porque os pais podem ter a percepção de que os filhos podem ter alguma limitação na aprendizagem e desenvolvimento de determinada actividade, principalmente devido a alguma condição de saúde. É o que se passa por exemplo nas pessoas autistas. No entanto, sabe-se que o facto de ser-se autista não é de modo algum uma limitação para a realização daquilo que se designa de Actividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD). Como por exemplo, utilização de meios de transporte, gestão de dinheiro, utilização do telefone, gestão de compras e medicação, mas também preparação de refeições e tarefas domésticas. E se sabemos que as pessoas autistas, nomeadamente na vida adulta, já em si apresentam um conjunto de características que lhe trazem determinadas dificuldades e limitações. Para além daquelas derivadas do estigma face ao autismo e da incompreensão das pessoas não autistas. O facto da pessoa autista adulta não ter sido treinada e ajudada a aprender as Actividades Instrumentais da Vida Diária, ainda lhe causa maior dependência na sua vida. Até porque daqueles que se autonomizam e saem de casa dos pais normalmente vão viver sozinhos. E se nas crianças autistas se treina muito mais frequentemente as competências relacionadas com a higiene pessoal. Já na adolescência e no adulto já não há um tão grande hábito em desenvolver este tipo de treino. Excepto no grupo de pessoas autistas que apresentam em simultâneo uma Dificuldade Intelectual e Desenvolvimental. Agora que cada vez mais se fala do autismo ao longo do ciclo de vida e da importância de promover uma maior autonomia e independência neste. É fundamental perceber que uma parte importante da vida da pessoa adulta passa pela realização destas actividades instrumentais da vida diária. E não obstante algumas das características do seu filho ou filha autista, é fundamental falar com a equipa que os acompanha e procurar saber como promover a aprendizagem destas actividades.


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