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Não tapes o sol com a peneira!

Escrevemos Autista ou pessoa com Autismo? Não devia ser pessoa com Perturbação do Espectro do Autismo? E o nível de gravidade colocamos? E se for Asperger? Podemos dizer Aspie? Falamos hoje do Autismo como nunca o fizemos. Em quantidade e qualidade. Mas nem sempre a melhor.

Os tempos iniciais do Autismo iniciaram-se no principio do século XIX com Bleuler, um psiquiatra alemão que designava este conceito a partir das descrições dos casos clínicos mais severos de Esquizofrenia que acompanhava. De acordo com ele, o pensamento autista era caracterizado por desejos infantis para evitar situações reais impossíveis de satisfazer e que eram substituídas por fantasias e alucinações. Muito tem mudado desde então.


Nomeadamente na designação. Hoje e desde outubro de 2013 que na DSM 5 se encontra a referência a Perturbação do Espectro do Autismo (PEA). E o que é a DSM 5? E a ICD 10? São várias as questões. Seja de ordem técnica, clinica mas também do ponto de vista filosófico.


Se no inicio eram exclusivamente os médicos que falavam acerca do Autismo e o faziam de uma forma hermética em publicações cientificas de acesso apenas a profissionais. Hoje, são vários os profissionais de saúde, educação, e outros que abordam o Autismo a partir da sua cosmovisão. Mas também os pais e outros familiares têm algo a dizer da sua experiência e vivência diária com o Autismo. E claramente os próprios Autistas que cada vez mais escrevem na primeira pessoa acerca da sua vivência e não apenas dos critérios de diagnóstico ou do deficit disto ou daquilo. Escrevem sobre muitos outros temas e não apenas dos seus interesses.


Há outras pessoas que também escrevem sobre o Autismo e que importa englobar no mesmo grupo. São os activistas pró-Autismo (bloggers) e jornalistas. As páginas dedicadas ao tema e causa do Autismo tem crescido exponencialmente. E as noticias acercas dos casos de Autismo, dos problemas em torno de algumas situações especificas. Do alerta das necessidades diárias. Do objectivos e feitos alcançados por Autistas, etc., são muitas as noticias. E como tal importante que a semântica e a maneira de escrever ou apresentar informação acerca do Autismo possa reflectir essa necessidade.


Por exemplo, nos últimos tempos, associações e parentes de pessoas com autismo expressaram o seu desconforto com o uso abundante e inadequado do termo autismo em artigos jornalísticos, bem como intervenções em outras órgãos de comunicação social. Não é de toda a minha pretensão aqui ou noutro lugar dizer aos profissionais da informação como eles tem de fazer o seu trabalho. Mas sim procurar colaborar com eles no exercicio responsável pela função comunicativa. Procurar a sua cumplicidade na eliminação de preconceitos, pré conceitos e conceitos estereotipados que circundam uma realidade social concreta.

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