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Não se faz uma omelete sem partir ovos

Haverá sempre que pense que os ovos de casca branca serão melhores para fazer omeletes. Da mesma maneira que haverá sempre que tenha a ideia, consciente ou não, do que será o Autismo e de como este se identifica.

Não pretendo escrever nenhuma receita rápida para a melhor omelete do mundo. Nem qual o ovo que melhor se adequa. Também não é minha intenção falar acerca dos diferentes tipos de vegetarianos e dos lactovegetarianos.


Esclarecido esta questão pretendo falar acerca das noticias além mar que se vão vivendo e reportando no EUA, mas não só. Porventura a questão é que em outros locais podem não estar a ser reportadas. Foi recentemente publicado no jornal cientifico de referência para o Autismo que existe uma maior probabilidade de crianças caucasianas serem identificadas mais rapidamente que crianças de etnia afroamericana ou hispânica.


Eventualmente esta dificuldade parece não ter a ver com o facto de não ser possível reconhecer traços do Espectro do Autismo nas duas comunidades - afroamericana e hispânica. A dificuldade parece prender-se com o facto de nas crianças destas duas comunidades haver uma maior dificuldade em existir registos médicos ou um acompanhamento médico adequado. E como tal, sem haver estes mesmos registos torna-se mais difícil de conseguir encaminhar para os serviços de saúde adequados e realizar um despiste.


Os cuidados de saúde e a falta deles, normalmente devido a questões socioeconomicas. Ou seja, a questão da equidade e acesso aos cuidados de saúde, são tidos como determinantes sociais das desigualdades de saúde. As famílias com menores recursos socioeconomicos sentem maiores dificuldades no acesso condigno a uma prestação de cuidados de saúde adequados às suas necessidades. Nomeadamente no caso do Autismo em Portugal continuamos a assistir a perguntas de como é que as pessoas com baixos recursos podem fazer frentes à necessidade de múltiplas terapias para os seus filhos e para a necessidade de faltarem ao trabalho para dar assistência à família.


É verdade que existem pensões e outro tipo de respostas fornecidas aos Autistas e às suas famílias para procurarem fazer frente às suas necessidades. Apesar de continuarem a ser escassas. A questão aprece residir na qualidade e frequência dos cuidados de saúde especializado prestado no Sistema Nacional de Saúde. Ou seja, continua a ser falado de consultas de psicologia com o espaçamento de 1 mês quando ainda mal se começou a intervenção. Ou de famílias que vêm ser negação a prestação deste apoio porque estão a receber intervenção junto de uma Instituição privada.


Não é apenas além mar que a receita não parece funcionar. Também cá há muito que treinar. E se tivermos que partir alguns ovos que o seja.

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