Quando me ensinaram em pequeno a dar o nó cego disseram-me - "Vou ensinar-te a dar um nó cego mas a seguir vais esquece-lo e nunca mais usar.". Na altura não percebi mas também não perguntei. Na vida, para além daquele primeiro nó cego que dei quando aprendi, dei mais dois nós cegos - um funcionou e ainda hoje lá está, o outro nem por isso e arrependi-me de o ter dado. Penso que a minha experiência resumiu aquilo que me procuram ensinar em criança. Talvez devesse ter perguntado algo na altura e evitado alguns problemas. Talvez me devessem ter explicado de outra forma as coisas. É tal qual tem acontecido no movimento pela defesa da comunidade autista. Se no inicio pareciam apenas existir pessoas não autistas, normalmente pais de crianças autistas, a liderar os movimentos. Ao fim de algum tempo os seus filhos cresceram e passaram alguns deles a liderar os próprios grupos. E também com isso passou a haver a ideia de estes movimentos serem exclusivos para pessoas autistas. Tal como no passado pareciam ser exclusivos para pessoas não autistas. No presente momento, uns e outros, autistas e não autistas estão a compreender que a verdadeira neurodiversidade é a existência de todos num mesmo espaço. E sem essa ideia de liderança mas sim de mediação.
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