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Mamma mia! Here we go again!

A terapia ABA [Análise do Comportamento Aplicada] não é efectiva! Já vinha sendo questionado a eficácia deste modelo de intervenção no autismo. Principalmente, nos últimos anos, em que muitos adultos autistas vieram falar sobre a sua experiência e o que sentiram. No seguimento destes testemunhos, foram muitos os pais destas crianças, jovens e adultos autistas, apoiado por alguns clínicos e investigadores que vieram engrossar os protestos. Mas a comunidade cientifica continuava a escudar no facto de os estudos científicos demonstrarem a eficácia deste modelo em detrimento de outros. A utilização do enquadramento cientifico para justificar que não faz sentido questionar o modelo cientifico não é novo. E na Psicologia sabemos disso muito bem. O certo é que os estudos científicos e principalmente os ensaios clínicos que têm sido realizado ao longo destes anos todos têm olhado principalmente para o modelo ABA em detrimento de outros. E isso foi justificando que durante anos a fio nos EUA este modelo fosse sendo proposto para a intervenção no autismo e com o financiamento do governo. E tal como no passado mais longínquo as Seguradoras tiveram um papel fulcral na mudança dos modelos de intervenção em contexto hospital, passando da intervenção psicanalítica para uma intervenção comportamental e cognitiva. Em parte porque no modelo CBT se poderia mais facilmente justificar a comparticipação da intervenção. Não somente por este poder ser mais breve, mas também estruturada no número de sessões especificas para as situações clinicas apresentadas. Não tenho informação de que o mesmo se possa estar a passar agora com o modelo ABA. O certo é que nos últimos cinco anos o Departamento de Defesa do EUA gastou 1.53 biliões de dólares do orçamento na intervenção ABA, abrangendo um total de 16000 pessoas com Perturbação do Espectro do Autismo, com uma média de valor por pessoa de 23,000 dólares. E em 2016 o Congresso dos EUA autorizou uma avaliação à eficácia deste modelo. O relatório foi agora lançado - The Department of Defense Comprehensive Autism Care Demonstration Annual Report 2020. E entre as inúmeras reflexões que faz, refere que o modelo ABA não é eficaz. Da mesma forma que ao longo dos anos foi havendo o arremesso da ideia de que há mais estudos que comprovavam a eficácia do ABA. Também agora começou a haver o arremesso de que este relatório do Departamento de Defesa dos EUA é único e que está assente num pequeno número de estudos. Será importante que a comunidade cientifica continue a ajudar a esclarecer estas e outras questões, mas porventura sem o enviesamento para certos modelos. Além disso, a contribuição dos próprios investigadores autistas e de pessoas autistas a participação em colaboração estreita com a comunidade cientifica, o caminho poderá ser feito de uma outra forma. Além que que a comunidade autista está felizmente mais reivindicativa sobre as intervenções propostas para si.


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