Better later than never! É um dizer tão habitual que até já se internacionalizou. Mais um estudo no Autismo traz um alerta para a importância do diagnóstico precoce. E o que é que isso tem a ver com os adultos?
Muito se tem falado acerca da dificuldade em se fazer o diagnóstico de Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) no adulto e principalmente quando este é do sexo feminino. Mas o facto é que estas dificuldades são transversais a outras idades. E não apenas no sexo feminino.
Há várias razões para este facto como sempre! Mas o certo é que é verdade. Um das razões pode prender-se com o diagnóstico de PEA ancorado na DSM ou ICD. Ainda que possa ser paradoxal esta afirmação, sendo estes os manuais de diagnóstico das perturbações mentais. Mas o certo é que há muitas expressões comportamentais existentes no Espectro do Autismo que não aparecem transcritos de forma clara nestes manuais. Mas esta situação podia ficar acautelada se a formação dos profissionais de saúde fosse ela própria mais heterogénea no que diz respeito ao Autismo. Mas não é! Para além da escassa e quase sempre a correr informação veiculada acerca das Perturbações do Neurodesenvolvimento onde se enquadra o Autismo. A formação é feita de acordo com os manuais anteriormente referidos. E os instrumentos de avaliação usados também. Ou seja, perpetuamos um estereótipo acerca do que é ou deve parecer um Autista nas suas várias etapas do desenvolvimento.
Se num adulto é difícil numa criança de dois anos também o é. Entre outras razões porque alguns dos comportamentos verificados como normativos nesta etapa do desenvolvimento podem encobrir algumas as manifestações comportamentais do Espectro. Mas como diz a minha colega Dra. Carla Almeida - a inconsistência do comportamento é frequentemente verificada nos casos do Espectro do Autismo. E como tal aquilo que se continua a verificar é que a ideia acerca do Autismo nestas idades precoces, a falta de formação nos profissionais e os próprios instrumentos que não estão adaptados à idade dificultam em muito esta detecção.
Entre outras questões estas crianças estão a ser detectadas mais tardiamente. Os últimos estudos referem que em média estão a ser detectadas após os quatro anos de idade. Parece pouco mais nestas etapas é fundamental ser o mais precoce possível. Mas também se sabe que este detectar mais tarde vai para além dos 4 anos de idade e por vezes continua pela idade adulta a fora. Haverá várias razões é verdade. O facto de ser difícil lidar com um diagnóstico de Autismo faz com que muitas famílias possam não aceitar. Ou tentarem convencer-se mutuamente que estão errados em relação ao diagnóstico. É comum verificar que um dos progenitores notou desde bastante cedo os sinais precoces de Autismo e que passa momentos difíceis a tentar convencer o resto da família, educadores, médicos e psicólogos de que há algum problema com o seu filho/a.
Estamos sempre a tempo de mudar - todos. Porque mais vale tarde do que nunca.
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