Podia ser o titulo de um qualquer hit musical de verão, certo? Mas não é! Mas não deixa de ser importante pensarmos sobre ele. Até porque ainda ouvimos algumas pessoas dizerem - Não parece nada autista! Ou então pelo contrário, Aquela pessoa parece mesmo autista! Ou seja, ao que parece as pessoas poderão parecer autistas na sua forma de se mexerem! E não deixa de ter alguma coisa de verdade. Até porque é conhecido todo um conjunto de questões motoras associadas ao espectro do autismo. Mas vamos lá ver como é esta dança!!
A pessoa balanceia-se e por isso deve ser autista! ... A pessoa costuma fazer um movimento com as mãos como se estivesse a abanar ou a sacudir! .... A pessoa quando se senta costuma fazê-lo de uma forma atípica e diferente de todos colocando as suas pernas de uma forma única nunca vista! ... A pessoa ao andar costuma apoiar os pés de uma forma muito diferente do habitual, seja porque por vezes parece andar em bico de pés, mas por vezes coloca os pés de lado e isso faz com que tenha um andar mais desengonçado! ... Muitas vezes a pessoa não sabe onde colocar as mãos e isso faz com que coloque as mãos e os braços de uma forma que parece mostrar desconforto!
Estas e outras frases são não apenas típicas de se ouvirem em pessoas que contactam com pessoas autistas, ainda que possam não o saber. E mesmo quando o diagnóstico é conhecido, este facto mostra o quando este aspecto do movimento é fundamental. Até porque o movimento é uma questão fulcral do ser humano para conhecer o Mundo. Veja-se a forma como a criança mesmo quando ainda não alcançou a marcha autónoma e já se desloca para conhecer e experimentar o ambiente envolvente. E mesmo ao longo do desenvolvimento, será esta característica e comportamento de movimento que irá permitir à pessoa continuar a conhecer e a interagir com os outros e com o ambiente. E se pensarmos que a forma como o Outro se movimenta pode informar-nos de algumas características, comportamentos ou atitudes, pensarmos sobre o movimento e como este é compreendido pela própria pessoa autistas e aqueles com quem convive é fundamental. Até porque o movimento é uma parte fundamental daquilo que é a nossa identidade!
O movimento do corpo é uma forma essencial de caracterizar o autismo, de acordo com os critérios de diagnóstico. As formas como as pessoas autistas movem os seus corpos são predominantemente entendidas através de uma lente estigmatizada, onde os movimentos são estereotipados, repetitivos, ritualizados ou comportamentos invulgares.
No entanto, este ponto de vista restrito é demasiado simplista; omite a complexa interação entre a forma como o comportamento de uma pessoa reflecte a sua adequação ao seu ambiente, a forma como os comportamentos podem ser modificados à medida que uma pessoa navega na sua identidade, a forma como os comportamentos podem ser modificados à medida que uma pessoa navega na sua identidade.
Que critérios poderíamos ter para determinar se um movimento é pertencente a uma pessoa autista? A ausência de uma compreensão complexa das muitas formas como o corpo se move, e as razões para tal, está a contribuir para uma visão limitada do que significa ser autista. Uma comparação útil pode ser feita com a forma como as experiências da camuflagem social ou fadiga sensorial estão a ser exploradas a partir das perspectivas das pessoas autistas.
É imperativo compreender mais e melhor o movimento e os seus significados para as pessoas autistas. E se esse determinado movimento é motivado pelo complicado de diferenças no processamento sensorial, na interocepção e no reconhecimento das sensações corporais e das emoções no autismo, que precisam de ser melhor compreendidas e acompanhadas de intervenções de bem-estar. Qual o valor dos movimentos repetitivos, rítmicos ou vocalizações? Serão estes apenas involuntários? Ou podem ser usados para a autorregulação de desconforto, emoção, sobrecarga sensorial ou pensamentos ruidosos? Até porque o movimento do corpo vai para além do stimming!!
O movimento pode proporcionar rotina e interesse, melhorar a concentração, ajudar na regulação sensorial, libertar energia, aumentar a ligação corporal, regular as emoções, proporcionar tempo livre de inibições e reforçar a identidade.
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