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Father & son

No Autismo continua a haver muito desconhecimento acerca de muitos tópicos importantes. E tal como o lema do Instituto de Medicina Molecular diz - Procuramos perguntas. Já perguntamos como acontece nos pais neurotipicos a criar filhos autistas. Há bastante investigação e manuais de intervenção para auxiliar neste processo. Mas e como acontece quando é um pai autista a criar um filho neurotipico?

It's not time to make a change,

Just relax, take it easy

You're still young, that's your fault,

There's so much you have to know..." Father & Son by Cat Stevens


O que acontece quando temos um pai autista a criar um filho neurotipico? Muitas pessoas começam logo por afirmar que não tinham conhecimento de que os autistas poderiam ou teriam competências para ser pai. Outros apenas desconhecem os casos que possam ilustrar esta pergunta. Como ocorre o processo de comunicação? Há problemas? E se os há são diferentes de muitas outras situações que ocorre quando um pai procura criar um filho? E as questões comportamentais? Como é que um pai que possa ter uma maior dificuldade na auto-regulação emocional consegue ter uma atitude mais proactiva quando o seu filho pequeno faz uma birra? E quando há momentos contínuos de choro e o pai tem uma hipersensibilidade auditiva? Como consegue tolerar? E se for uma hipersensibilidade táctil? Consegue pegar no seu filho ao colo? E abraça-lo? E isso pode afectar a vinculação? E se for uma hipersensibilidade olfactativa? Como é que consegue mudar uma fralda? O lema do Instituto de Medicina Molecular - Procuramos perguntas, começou a fazer-me cada vez mais e mais sentido.


Ter um filho é uma experiência de grande mudança na nossa vida. Desde o momento em que o começamos a conceber afectiva e mentalmente. Ter alguém que não é como nós, ou seja, que apresenta uma maneira de apreender o mundo de maneira bastante diferente é uma experiência de aprendizagem igualmente grande.


Mas um pai autista também chora quando o seu filho nasce e também se consegue emocionar. Apesar dos filhos neurotipicos poderem ser mais faladores que o seu pai autista isso não tem de acarretar um problema. O facto de querer brincar de uma forma diferente daquela em que o pai se habituou a fazer. Ou que toque de uma forma diferente nas coisas não tem que ser um problema. É uma aprendizagem para todos. E o pai autista aprende a ser pai com o seu filho tal como qualquer outro pai. É verdade que há momentos e situações em que há um maior desconforto. As alterações subitas das rotinas podem ser coisas que trazem um dificuldade acrescida ao já habitual das famílias. A capacidade de flexibilizar pode ser dificil e a adaptação novos contextos um constante desafio. Mas é possivel, tal como em outras situações que o pai autista encontra na vida e sente ser um obstáculo, poder ter ajuda e orientação de outros, nomeadamente especializada para poder dar uma resposta adaptada às necessidades. Muito frequentemente oiço dos meus clientes autistas, pais e mães autistas, sobre a maneira como o nascimento dos filhos os transformou. Como os ajudou a aprender a lidar com a sua própria ansiedade. Mesmo que em determinados momentos tenham ajudado a aumentar a ansiedade. O facto de saberem que têm um filho e que está desprotegido e que precisa de ajuda leva a que se predisponham de uma maneira completamente diferente do que fazem com outras pessoas. Não quero com isto afirmar que a parentalidade "cura" o autistmo. Mas a parentalidade transforma-nos. Tal como outros episódios de vida igualmente marcantes. E isso altera a nossa expressão fenótipica.

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