Este post tinha sido publicado em setembro de 2019, altura em que foi estreado o filme "Autismo goes to College". E depois passou-se tudo aquilo que vocês já sabem - pandemia, confinamento e agora desconfinamento. Mas o post continua a fazer todo o sentido hoje como na altura, por duas razões: primeiro, porque as pessoas autistas continuam a ter todo um conjunto de dificuldades associadas à entrada, realização e finalização do Ensino Superior; segundo, porque o filme vai passar no dia 4 de junho gratuitamente aqui.
Na semana em que saiu a colocação da 1ª fase dos candidatos ao Ensino Superior, "Vai para a Universidade que é lá que encontras um trabalho!" poderia muito bem ser o título de um filme. Um filme com cerca de 50 mil variações muito próximas. O impacto do que se ouve e da realidade para aqueles que entram é grande. Para os autistas é enorme...let's look at the trailer!
O trailer "Autism goes to college" narra a vivência de cinco estudantes autistas no Ensino Superior. O Guillermo, Jasmine, Caroline, Jonathan e a Aniella dão o rosto mas todos os anos lectivos há cada vez mais autistas a procurarem ingressar no Ensino Superior.
A entrada nem sempre é complicada se atendermos às dificuldades que foram tendo ao longo do percurso escolar. Alguns deles sem diagnóstico, enquanto outros com diagnóstico vêm algumas escolas a elas próprias terem dificuldades em conseguirem dar o apoio necessário. Episódios de bullying e de incompreensão por parte dos pares, isolamento social, ansiedade, depressão, não saber o que fazer na escola e no futuro. Uma percentagem de alunos autistas têm boas competências cognitivas e o seu rendimento escolar é acima da média. Por norma está comprometido por outras razões que se prendem com algumas das características da sua condição - rigidez e inflexibilidade comportamental e cognitiva, hipersensibilidades diversas, ansiedade, etc.
Se ao longo do ensino obrigatório foi difícil a navegação no Ensino superior torna-se mais complexa. A falta de um processo de transição adequado até à falta de informação adequada para os próprios, famílias e profissionais leva a que a situação se torne mais difícil...mas não impossível. A perseverança de muitos deles, das suas famílias e dos técnicos faz com que seja possível.
As situações enfrentadas não são diferentes daquelas que todos nós encontramos no Ensino Superior. Desde a questão de qual universidade escolher, às situações de ter de interagir com os professores ou os pares. E para aqueles que se encontram deslocados de casa a necessidade de ter de interagir por vezes com uma maior proximidade com os colegas de quarto ou residência. Gerir dinheiro, usar transportes, etc. Como podem ver as situações não são diferentes de algumas que eu e você que frequentou o Ensino superior teve de enfrentar. No entanto, eu e você que não é autista teve um conjunto de respostas mais adaptadas às situações e com uma maior facilidade conseguimos pedir apoio.
O trailer e quando sair o filme mostra um conjunto de vivências reais de cinco estudantes autistas a passar pela Universidade. Um testemunho real sem filtro que precisa de ser visto repetidamente por todos nós, técnicos que acompanhamentos estes jovens e precisamos de perceber melhor as suas necessidades, receios e competências. Mas também os pais que precisam muitas vezes de gerir as expectativas face ao que projectam para o futuro dos seus filhos. Não esquecendo os professores e as pessoas responsáveis nas próprias Instituições do Ensino Superior.
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