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ENA: Estratégia Nacional para o Autismo

Foto do escritor: pedrorodriguespedrorodrigues

O ENA 2025-2031 - Estratégia Nacional para o Autismo, é um produto da minha ficção e que deriva daquilo que é o contacto diário na intervenção com pessoas autistas adultas em Portugal.


É um produto da minha ficção porque infelizmente Portugal não o tem. E ainda não aconteceu porque a forma de pensar o autismo e as pessoas autistas em Portugal ainda estão muito aquém do desenvolvimento cientifico, intelectual e humanista alcançado até ao momento.


Já falamos e investigamos sobre o autismo e as pessoas autistas há quase um século, mas ainda continuamos com um olhar espartilhado, nada interligado entre as várias áreas do saber e da vida da pessoa autista, e muito apegado à infância e adolescência. Deixando para trás a maior parte da vida das pessoas autistas que é a vida adulta.


Já ouvimos dizer que Portugal é um país com poucos recursos económicos e como tal precisa de fazer uma gestão cautelosa. Ou que temos falta de recursos humanos para fazer frente às necessidades das pessoas autistas. Mas na verdade o que não temos é uma Estratégia Nacional para o Autismo! Um guião orientador que ajuda as pessoas autistas e suas famílias ao longo da vida, desde a procura do diagnóstico precoce à procura das respostas terapêuticas (i.e., médicas, psicológicas) adequadas aos diferentes momentos da sua vida, mas também das questões sociais. Mas também para os diferentes profissionais de saúde, desde aqueles que trabalham directamente com esta população, mas também para todos os outros que possam necessitar de uma informação adequada de como agir, interagir e referenciar.


Uma Estratégia Nacional para o Autismo é um produto da reflexão de todos os envolvidos neste processo, pessoas autistas e profissionais, na procura conjunta de um pensamento comum sobre o autismo, ainda que respeitador da diversidade e das abordagens médicas, biológicas, psicossoais e pessoais.


O produto desta reflexão permitiria desenvolver todo um conjunto de acções concertadas para uma resposta mais adaptada e adequada das pessoas autistas. Acções essas que haveria de visar os diferentes profissionais que as iriam implementar no exercício das suas actividades profissionais, em áreas tão fundamentais e que são direitos fundamenais das pessoas autistas: inclusão social e económica, serviços de diagnóstico, intervenção e suporte, via verde de referenciação para a saúde mental. Mas também seria uma reflexão que olharia e pensaria nas pessoas autistas como pessoas com agência, corresponsabilizadas de conduzir o seu próprio projecto de vida, nomeadamente nas diversas tomadas de decisão ao longo da vida. Nomeadamente, pensar que as pessoas autistas adultas carecem de ver cumprido aquilo que são direitos inegáveis de qualquer pessoa, nomeadamente do acesso condigno ao trabalho. E com isso poderem assegurar outros direitos de todos nós - autonomia, independência, habitação, etc.


Uma Estratégia Nacional para o Autismo não é um derivado de medidas habituais de pensões e estágios transversais e que leva a drenar os próprios apoios sociais que podiam ser melhor dirigidos. Uma parte importante das pessoas autistas adultas são elas próprias capazes de se tornarem autónomos e independentes. Mas que para o serem necessitam de que esta reflexão possa ser levada a cabo.


Lamento que o titulo do texto tenha levado alguns de vocês ao engano e frustração por pensarem, tal como eu, que já seria altura de existir esta Estratégia Nacional para o Autismo. Espero que essa frustração se possa tornar numa força mobilizadora para a exigência da mudança!


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