De cada vez que é publicado um estudo sobre o Autismo são muitos os que se apressaram a ler. As áreas cientificas e do saber que abordam as perturbações do neurodesenvolvimento são várias e passam pela medicina (psiquiatria, genética, etc.) à psicologia, terapia da fala, psicomotricidade, etc. Mas e se temos vindo a perceber erradamente as orientações?
No Autismo como em algumas outras perturbações neuropsiquiátricas temos construído a ideia de que é importante criar condições para que os Autistas se integrem no sistema educativo e social. E se alguns pensam no stress causado aos Autistas devido a estes mesmos constrangimentos por vezes levam-se a pensar que é tudo por um bem maior. Não estou com isto a querer significar que os Autistas não necessitam de ser ajudados, compreendidos, até mesmo ensinados a desenvolver determinadas competências comunicacionais, funcionais e sociais.
O que estou a dizer é que parece que não se olha para o Autismo também como sendo ela própria uma forma diferente de olhar e inclusive podermos aproveitar aquilo que são as competências dos Autistas - porque as há!
No Autismo e na saúde mental de uma forma global somos conduzidos por um conhecimento académico e profissional mas devemos pensar também naquilo que é o conhecimento pessoal, a vivência dos próprios Autistas e dos seus familiares. Tudo é importante. Desde o conhecimento adquirido pela via do conhecimento cientifico e experimental nas mais variadas áreas. No conhecimento que advem da prática profissional dos profissionais em contexto educativo. Mas também do conhecimento que emerge pela via ad hoc e do insight humano e da sensibilidade de todos nós que partilhamos a vida com o Autismo.
Por exemplo se pensarmos neste tópico à luz do conhecimento sobre electricidade. Podemos pensar no conhecimento académico como o neutro e o conhecimento que vem da prática como a fase. Apesar da electricidade variar entre estes duas não devemos esquecer da importância da ligação à terra. E esta ligação significa a capacidade de todos nós de sentir e pensar o Autismo.
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