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Candeia que vai à frente alumia duas vezes

Um quarto da nossa vida é gasta a trabalhar. Apesar de ser uma informação que causa algum arrepio para alguns atendendo à dimensão que ela representa, nem todos têm infelizmente esta possibilidade. Nomeadamente, a percentagem de jovens adultos e adultos com Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) que estão empregados é mínima. E se já há alguma investigação em relação às características das pessoas com esta condições e de como promover a sua integração sócio-profissional. Ainda não existe um conhecimento tão avançado em relação ao conhecimento que os empregadores têm em relação a estes. Enquanto alguns empregadores têm conhecimento que a PEA apresenta compromisso na interacção e comunicação social. Já em relação ao facto destes poderem ser colaboradores eficientes, confiáveis e com boa relação custo-benefício, os empregadores parecem ter um maior desconhecimento. E muitas empresas não estão dispostas a contratar estes candidatos capazes, preocupados, entre outras coisas, com um aumento dos custos de supervisão e diminuição da produtividade. Esse é um viés baseado em percepções erróneas. Os benefícios em contratar adultos com PEA, tanto para empresas quanto para as pessoas, geralmente superam os custos.

No contexto de garantir emprego, um dos maiores obstáculos para adultos com Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) está na auto-promoção necessária de ser realizada na entrevista de emprego. Se nunca experimentou, solicite a uma pessoa autista para fazer uma breve apresentação sua em que o objectivo seja sublinhar os seus aspectos positivos. É muito provável que possa não obter nenhuma resposta. Para além de que alguns lhe vão referir que se sentem desconfortáveis com o facto de o terem de fazer, para além de poder não lhes fazer sentido. Nomeadamente quando estão na escola e recebe um "Excelente" num teste é muito frequente poderem nem querer saber de receber qualquer tipo de elogio. E se alguém insistir nesse facto é possível que possa haver algum mal estar sentido pela pessoa. As entrevistas são um teste social às suas características nucleares. Eles examinam a capacidade do candidato de sintetizar as experiências passadas de uma forma que não apenas demonstre uma elevada competência intelectual, mas que também indique e manifesta algum grau de competência social.


Os entrevistadores, conforme descrito em alguns manuais de ferramentas de preparação para o trabalho em jovens adultos autistas, procuram uma lista fundamental de comportamentos normativos, tais como: foco na conversa; ouvir sem interromper, boa aparência, higiene e vestir, apertos de mão, compreender e retribuir expressões faciais, e contacto visual. No entanto, para muitos adultos no espectro do autismo, esses comportamentos normativos não são facilmente aprendidos ou postos em prática. E por conseguinte, os comportamentos considerados como não normativos por parte dos empregadores relativamente às pessoas autistas leva a que os primeiros possam não estar dispostos a contratarem os segundos. Se é porque os empregadores são levados a se sentir desconfortáveis com esses factores comportamentais, ou porque esses comportamentos sugerem indiretamente aos empregadores que os candidatos possam ter déficit não relacionados em outras áreas, como cognição ou intelecto, ou porque os empregadores percebem que é necessário um comportamento social normativo para fazer o trabalho sendo contemplado ou porque os empregadores sentem que comportamento social não normativo afastaria os colegas, etc. A experiência continua a demonstrar que é na entrevista que estes factores são avaliados e é nesta etapa que as pessoas autistas sente um maior desafio.

Um outro factor igualmente interessante é o de poder verificar a avaliação que o empregador costuma fazer após ter empregado a pessoa com Perturbação do Espectro do Autismo. Há vários estudos que têm demonstrado que esta avaliação é frequentemente favorável. Um número significativo de empregadores indicam interacções amigáveis entre colaboradores com e sem autismo. Para além de que esta mesma contratação aumenta a sua real percepção acerca da realidade do autismo e não apenas do colaborador contratado em si. Para além de parecer melhorar a cultura organizacional da empresa, facilitando a formulação de ideias inovadoras no global da empresa.

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