Gostos não se discutem, certo? Mas quanto a colocar ananás na piza já parece não ser bem assim! Da mesma maneira como os neurotipicos, os autistas têm preferências por determinados alimentos. Ainda assim, tal como nesta sandes variada, há escolha de ingredientes e outros condimentos que representam uma verdadeira surpresa e desafio aos próprios e aos pais. Ora confira lá a receita...
Apesar das preferências serem semelhantes a tantas outras crianças, jovens e adultos autistas, o certo é que estes últimos apresentam determinadas características singulares. Por exemplo, a questão da restrição alimentar. Ou seja, são muitos os autistas que vêm restringido o número de alimentos que dizem conseguir comer. Como consequência, é muito frequente fazerem as refeições principais (i.e., almoço e jantar) com pratos iguais. Por exemplo, bife de frango grelhado com esparguete, ou então bife de frango grelhado com massa fusili, mas também bife de frango grelhado com macarrão. E poderíamos continuar, sendo que a constante do frango e com pouca variação no tipo de massa continuaria. A cor, o sabor, a textura, o cheiro, a forma, o aspecto da comida ou então tudo junto na mesma situação pode constituir uma limitação para provar coisas diferentes. Por vezes, até o facto de ser algo diferente ou cozinhado de forma diferente pode constituir uma limitação.
Mas também há outras características, como por exemplo ingestão de grandes quantidades de alimentos. Não me estou a referir a comer dois croissants mistos ao pequeno almoço. Estou a referir-me a 10 pães de leite em pouco mais de dois minutos. Ou dois, três ou quatro pratos de sopa, várias latas de atum, limão verde, malaguetas, etc.
Os exemplos são diversos. Eu diria que por cada autista com estas características haverá uma situação alimentar única. Estas características por norma manifestam-se desde bastante cedo no desenvolvimento e por razões óbvias a intervenção é urgente e necessita da intervenção de diferentes profissionais, sejam terapeuta da fala, psicomotricistas, nutricionistas, psicólogos ou médicos. As razões passam por uma questão nutricional e que pode comprometer o desenvolvimento, que já em si apresenta determinadas dificuldades. Mas não só, a alimentação também se prende e cada vez mais ao longo do desenvolvimento com a área social. Comemos por norma em conjunto, seja em casa ou na escola numa interacção mais ou menos estreita com outra ou outras pessoas. Por exemplo, é comum acontecer que no período escolar existam crianças que façam recusa a comer no refeitório da escola, ainda que nem sempre se prenda com a questão da comida, mas por exemplo com o ruído existente nestes espaços. Em jovens ou adultos é comum haver uma recusa de convite para uma festa num restaurante porque não sabem se servem a comida da sua preferência, por exemplo.
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