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Auto(s)corpo(s)


"A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo."

Merleau-Ponty


Quando pensas em corpo, o que pensas? perguntava-lhe. Que corpo? respondeu-me de imediato. No meu? No teu? No corpo de quem? disparou. O seu corpo parecia desassossegado, assim como as suas perguntas. Na verdade eu não sabia se havia uma ligação entre uma coisa e outra, pensei. Mas porque o teria pensado então? E foi aí que também pensei para mim próprio na mesma pergunta. Quando pensas em corpo, em que pensas? E assim que fiz essa pergunta coloquei de imediato uma outra. E quando pensas no corpo da pessoa autista, em que pensas?


O grego diz-nos, autos, si mesmo, alguém retraído em si mesmo. Mas o corpo da pessoa autista não está só retraído em si mesmo, pensei. Também se expande! Sonha! Relaciona-se! E por isso pensei, Qual a corporeidade da pessoa autista? Como é que o cérebro da pessoa autista reconhece e utiliza o corpo como instrumento relacional com o mundo?


O corpo sente antes mesmo de o pensarmos. É obvio que pensamos, e muito. E não o deixaremos de fazer. Mas isso não impede este acontecimento. O meu corpo sente as coisas e faz chega-las ao meu pensamento. E por isso Merleau-Ponty dizia que só podemos compreender a função do corpo realizando-a e na medida em que somos um corpo que se levanta em direcção ao mundo. Mas o nosso corpo não se limita a absorver e a canalizar a informação absorvida para o cérebro a pensar. O corpo também é uma forma, única, singular e que também transforma e envasa essa informação de uma determinada forma antes mesmo de chegar ao pensamento, ao cérebro.


É com grande contentamento que vejo o corpo do Auticorpos: Dar corpo à saúde mental no autismo (ver aqui) e de todos/as aqueles que ajudaram a dar corpo, mas fundamentalmente escutar o corpo, o seu e do Outro, e o transcreveram para este ebook, que certamente continuará a ser moldado, alimentado e crescer!


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