Autistas unidos jamais serão vencidos! escrevia num cartaz. Para que é que estás a escrever isso? Vais usar para alguma coisa? perguntava o outro. Ouvi dizer que estiveram 229 mil pessoas na marcha do 25 de abril deste ano na Avenida da Liberdade, sabias? respondia-lhe o outro com esta pergunta. E então? E o que é que eu tenho a ver com isso? perguntava-lhe novamente o primeiro. Tudo, temos tudo a ver com isso! desabafava.
Este breve diálogo imaginado entre duas pessoas autistas adultas serve o mote para o texto de hoje. Há uns dias celebrou-se o dia da Liberdade. Hoje celebra-se o dia do Trabalhador. Os dias estão interligados, assim como aquilo que ambos representam. E no caso das pessoas autistas, sejam os dois dias e aquilo que eles significam, provavelmente ainda mais significam, mesmo em pleno século 21.
Se o dia da Liberdade pertence ao dominio da autonomia, independência e autodeterminação, questão tão fundamentais e ainda tão ameaçadas nas pessoas autistas. O dia do Trabalhador liga-se ao direito fundamental de todas as pessoas a um trabalho condigno. E também por isso encontramos no artigo 23º da Declaração Universal dos Direitos Humanos que toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego. Que se leia uma e outra vez toda a pessoa, toda a pessoa!
Na Europa estima-se existirem cerca de 7 milhões de pessoas autistas. E se muitas delas serão adultas, certamente as restantes irão tornar-se adultas num determinado momento da sua vida. E tornar-se adulto significa desejar escolher um trabalho. Ser adulto significa que se tem feito todo um percurso de vida e formativo para na entrada da vida adulta se escolher um trabalho.
Na Europa, assim como em todos os outros continentes, as pessoas auitstas adultas lutam para a implementação de um direito fundamental de toda a pessoa - trabalho! E lutam porque uma percentagem significativa delas não têm ou não vêm verificado esse mesmo direito. E quantos é que não têm esse direito? Muitos! Demasiados! Estima-se que cerca de 80% das pessoas autistas adultas não trabalham. E dos 20% daqueles que tabalham há uma percentagem consideravel destes que não têm contratados de trabalho condigno e respeitantes ddos direitos da pessoa autista.
Por tudo isto, Autistas unidos jamais serão vencidos! E qualquer um de nós não autistas também precisamos de nos unir nesta luta, nesta marcha, nesta reposição dos direitos humanos. Onde quer que esteja, a marchar, em pé ou sentado, sinta que a sua presença faz a diferença.
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