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Foto do escritorpedrorodrigues

A team

Alguns estarão neste momento com a música do genérico dos Soldados da Fortuna (The A-Team) na cabeça. E outros a perguntar onde está o Mr. T. Esta é uma equipa. Se quiserem pensar, é uma A team, em que o A é de Autismo. Mas é, a team, na tradução directa, uma equipa. E isto porquê? É uma equipa como tantas outras. Composta por homens e mulheres, e de diferentes idades e backgrounds. É uma equipa de pessoas autistas como já foi dito. Mas não é uma equipa especial ou de especiais.


É uma equipa! E é-o porque representa tantas outras pessoas jovens adultas e adultas com um diagnóstico de Perturbação do Espectro do Autismo. Se pensarmos, só na Europa são cerca de 5 milhões de pessoas autistas. E como tal podemos pensar que todos eles irão chegar a adultos. E as suas necessidades serão as de pessoas adultas.


Esta A Team procurou fazer o seu percurso escolar. E neste foram sendo encontrado todo um conjunto de desafios. Alguns chegaram mesmo a conhecer o Coronel Lynch e mais tarde o Coronel Decker. Quem viu os Soldados da Fortuna sabe a quem me estou a referir! Ou seja, foram muitos os alunos/as com um diagnóstico de Perturbação do Espectro do Autismo que viram a necessidade de serem feitas determinadas adaptações no seu curriculum e outros. Mas também viram muitas das suas dificuldades serem negligenciadas e até mesmo duvidadas. Já para não falar das inúmeras situações de bullying e/ou de cyberbullying a que foram estando sujeitos pelos colegas. Mas ainda assim, e como a participação de muitos outros que quiseram participar de forma positiva, seja a família, mas também professores, colegas e profissionais de saúde, foram ultrapassando os desafios e alcançando os objectivos.


Cada vez mais, muitos destes jovens autistas que terminaram o Ensino Secundário, passaram a pensar na importância do Ensino Superior. Seja para estarem mais adaptados ao mercado de trabalho. Mas também porque sentem vontade em aprender mais e melhor determinados temas. Desenvolverem-se enquanto cidadãos mais empoderados para tomar conta do seu projecto de vida autónomo e independente.


Uma coisa é certa, esta A Team fez tudo o que foi preciso para chegar a este patamar onde é suposto fazer uma transição mais suave para o mercado de trabalho. E quando o tentaram fazer continuaram a se deparar com todo um conjunto de desafios seus conhecidos. Seja a necessidade de demonstrar o seu diagnóstico. Ou então muitas vezes ainda ter de o defender e sujeitarem-se a dúvidas constantes por parte de outros que além de não serem autistas, pouco ou nada percebem do diagnóstico e muito menos do ser autista. Mas também serem vistos como candidatos de segunda ou terceira categoria e que estão mais aptos para categorias profissionais indiferenciadas. Sem problema com nenhuma dessas áreas, mas convenhamos que as pessoas estão capazes de saber ou escolher o que querem ser e/ou fazer.


E muitas pessoas desta A Team nesta fase pergunta-se se fez alguma coisa de errado!? Ou se ainda falta fazer alguma coisa mais!? É porque estas pessoas querem ser autónomas e independentes. E querem viver as suas vidas e projectos de vida da forma como entendem, até porque são pessoas adultas. Mas não podem! Porque não têm um contrato de trabalho e como tal não podem nem sequer pensar em sair de casa dos pais. E não há projectos sociais que possam assegurar essa mesma transição. Estão presos daquilo que é a inercia de mudança de toda uma Sociedade. Viveram algo semelhante em relação ao estigma e ignorância face ao autismo até à sua vida adulta. E depois ficam aprisionados porque um conjunto de pessoas decidem que esta A Team não está capaz de continuar o seu projecto.


Nos Soldados da Fortuna havia alguns episódios em que era abordado o trauma da Guerra do Vietname. Pois bem, fiquem a saber que esta A Team aqui sofre sucessivas guerras, guerrilhas e outros conflitos uma vida inteira. Talvez esteja na hora de chamar os Soldados da Fortuna! É porque esta A Team, tal como os Soldados da Fortuna, não cometeu nenhum crime e há muito que se sentem injustiçados.


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